quinta-feira, 15 de setembro de 2016

2º Saia para Voar

2º Saia para Voar
Nós sempre faremos a diferença.
Hoje vamos falar sobre "Mulher e voo livre", tenho várias histórias, mas resumidamente, vou contar um pedacinho. 
Quando iniciei o voo, pousávamos no Comercial Machado que estava sempre lotado nos finais de semana, era o nosso pouso oficial. Aprendi a pousar lá. Na realidade na época era uma venda com a casa dos donos ao fundo. Ficávamos mais na casa dos donos do que na venda, eles nos acolheram, nos abraçaram e deram sempre todo apoio necessário, fazem parte da minha família.
Toda vez que eu pousava e tirava o capacete, começava a gritaria: É uma mulher, é uma mulher...as pessoas ficavam impressionadas e admiradas e as crianças vinham eufóricas. Cheguei a levar balinhas as vezes, de tanta alegria.
Assim que iniciei o aprendizado o próprio piloto falou: Vou dar aula pra você, porque sei que na hora que todo mundo ver uma mulher voando, vão se interessar e assim teremos mais amigos, mais pilotos, deixaremos o céu colorido". Foi dito e feito, começou o voo livre no TO, pois nessa época alguns pilotos pararam, outros foram embora e foi diminuindo. A partir de então o que mais eu ouvia era: "Se uma mulher voa eu também posso voar."
Até hoje sinto que essa frase entra por um ouvido e sai pelo outro, falar o que sobre isso né mesmo?
E por ai se foram longos anos, e hoje fazemos a diferença, toda rampa tem uma flor, assim como toda cidade hoje tem uma rampa.
Minha trajetória foi muito consciente, deixei de treinar acrobacia em casa diversas vezes, preservando Pilotos que achavam que porque eu era pequenininha e mulher sabia fazer algumas manobras, a mesma era fácil e acabavam imitando sem técnica, sem conhecimento e eu me arrepiava de medo, pois sabia cada coisinha que poderia dar errado e os desavisados não.
Tive olhares de vários ângulos, e com o tempo veio o respeito.
Fiz de tudo para nunca errar, por isso as pessoas hoje confiam em mim, mas demoraram muito pra isso acontecer, pois quando iniciei Acrobacia, se na época chamar Piloto de doido era normal como até hoje é, imagina acrobata, quem dirá mulher então...rs
Estava sozinha nessa jornada, precisando sempre provar capacidades, foi difícil comprar o equipamento, fazer tantas viagens, estar nos treinos, cada lugar que passei foi muito bem aproveitado, porque sei o quanto foi suado chegar lá, mas cheguei. Ouvi tanta coisa absurda, mas melhor é colocar o óculos cor de rosa na maioria das vezes e seguir em frente.
Infelizmente, quem não tem coragem de sair da zona de conforto quer que o outro desista também.
Hoje estou aqui finalizando os temas de minha palestra, como não poderia ser diferente falaremos sobre SEGURANÇA.
Aguardo vocês por lá. Corram, as inscrições são limitadas.
Desta vez irei bem diferente, não estou mais sozinha, estou com Marré Infinito .
Gratidão

Vestindo colares Marré Infinito

Voando com os amigos

Quem manda no voo não é o equipamento, mas sim as decisões do Piloto

Já que ninguém me acompanha, eu acompanho todo mundo.
Gente, relembrando ótimos tempos em que fazia parte da lista Escola Serra da Moeda e assinava Marcinha TO, vou fazer meu relato sensacional de hoje, porque lá quem não relata não voa.

Senta que lá vem história : )
Decidimos subir um pouco tarde, mas isso foi maravilhoso, pois deu tempo de almoçar o que às vezes faz toda diferença.
Subimos eu, Gil e Pilotango, conversando a beça, um monte de polêmicas...aff, daquele jeito que a rampa não chegava nunca mais.
Chegando à rampa veio primeiro o choque, queimou a Serra inteira, tudo, inclusive o vale. O cheiro forte de fumaça e chamas altas ainda estava presentes no pasto. Uma cena muito triste.
Ainda estava pensando como seria, pois a última vez que voei assim, passei muito mau, fiquei enjoada e tive uma intoxicação, mas logo pensei, decolar e sair daqui logo, mas tudo tinha fumaça no final das contas.
Avaliamos por alguns minutos e logo nos preparamos. Fui a primeira a decolar. Sai ganhando tudo na cara da rampa, sem nada fazer e logo fui na direção da fumaça, pois ela estava mapeando a térmica. (Detalhe, adoro térmicas fortes, mas poder vê-las, me inibe bastante)
Saí perdendo da mesma forma que ganhei, já estava abaixo da rampa e nada de chegar na bendita. Até que de repente começa aquele som maravilhoso do vário e enfim subindo.
Fiquei um tempo esperando os dois decolarem, num sobe e desce desconfortável, até que decidi subir e sair, não tinha mais condições de esperar, devido às rajadas de vento, ao fogo logo embaixo e a fumaça, que já incomodava.
Nesta hora encaixei em uma térmica linda, forte, turbulenta, mas daquelas que sobe sem dó e é dessas que eu gosto. Fui muito alto, muito mesmo, mas não consigo ver o celular em voo, estava com XCsoar ligado, mas nem cogitava ver alguma coisa tirando as mãos do batoque.
Gilberto havia desistido e decidido ficar no resgate, e Pilotango estava muito baixo e eu fui embora. Só ouvi Gilberto no rádio: Essa altura Marcinha, Graciosa garantida, mas suguei tudo daquela térmica, queria garantia pra atravessar o lago sem um pingo de tensão.
No meio da cidade, inventei de tirar uma foto com o celular, nessa hora até consegui tirar, mas segurei no botão que desliga o aparelho...(grrrr desliguei sem querer e perdi meu voo : ( , passando por uma turbulência não tive como ligar imediatamente, mas depois liguei, infelizmente já estava quase em cima da Graciosa.) Não deixei abalar, eu tinha subido pra fazer um cross e nele continuei, era o combinado com os amigos.
Nesta hora o Fernando entra no rádio e começa a falar conosco, dando dicas para Pilotango devido não saber ainda minha posição, depois já deu uns toques pra mim também, pois ontem ele voou muito, bateu seu recorde pessoal, já sabia como estava o caminho. A visibilidade estava péssima e o medo de aeronave também não saiu da cabeça, sempre atenta aos sons. Foi muito bom ter esses pilotos conectados ao rádio, me senti amparada o tempo todo no voo, com a comunicação simples, clara e objetiva no rádio.
Em cima da Graciosa na extratosfera, olhei pra praia e pensei, hoje dá um bom treino de Acro, coração chega disparou, ai lembrei de novo, combinado não sai caro, vamos pra frente e ganhar distância, ainda pego mais uma térmica linda, redonda e gigante, derivando toda pro lago. 
Só alegria.
Infelizmente após a travessia não consegui quase nada, já estava distante do lago e peguei mais uma termalzinha fraca, que pra minha vela seria rodar mil vezes pra subir 1m. Termal pra Super Sonic tem que ter potência...
Acabei ficando nela muito pouco, achei que estava perdendo muito tempo e poderia ter algo mais na frente.
Enfim, não achei nada, deixei só no planeio mesmo, hoje estava muito sustentado, isso me ajudou muito.
No pouso os riscos que corremos, param dois carros cheios de jovens aventureiros, gritando: Você viu o cara pousando? Eu escutei cara, abaixei a cabeça escondi o corpo e continuei de capacete, deixando o pensamento de ser um homem mesmo, porque o medo já tomava conta, viram que já não tinha mais muita graça e foram embora para seu destino. Graças a Deus.
Logo atrás chega o Gil no resgate e de lá fomos buscar Tiago que estava logo atrás indo por outra rota, no final das contas fizemos a mesma quilometragem.
E o presente desses pousos no cerrado, é sempre especial, como este Caju suculento e doce.
Gil precioso esse resgate, valeu demais a parceria, foi 10.

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