Nós sempre faremos a diferença.
Hoje vamos falar sobre "Mulher e voo livre", tenho várias histórias, mas resumidamente, vou contar um pedacinho.
Quando iniciei o voo, pousávamos no Comercial Machado que estava sempre lotado nos finais de semana, era o nosso pouso oficial. Aprendi a pousar lá. Na realidade na época era uma venda com a casa dos donos ao fundo. Ficávamos mais na casa dos donos do que na venda, eles nos acolheram, nos abraçaram e deram sempre todo apoio necessário, fazem parte da minha família.
Toda vez que eu pousava e tirava o capacete, começava a gritaria: É uma mulher, é uma mulher...as pessoas ficavam impressionadas e admiradas e as crianças vinham eufóricas. Cheguei a levar balinhas as vezes, de tanta alegria.
Assim que iniciei o aprendizado o próprio piloto falou: Vou dar aula pra você, porque sei que na hora que todo mundo ver uma mulher voando, vão se interessar e assim teremos mais amigos, mais pilotos, deixaremos o céu colorido". Foi dito e feito, começou o voo livre no TO, pois nessa época alguns pilotos pararam, outros foram embora e foi diminuindo. A partir de então o que mais eu ouvia era: "Se uma mulher voa eu também posso voar."
Até hoje sinto que essa frase entra por um ouvido e sai pelo outro, falar o que sobre isso né mesmo?
E por ai se foram longos anos, e hoje fazemos a diferença, toda rampa tem uma flor, assim como toda cidade hoje tem uma rampa.
Minha trajetória foi muito consciente, deixei de treinar acrobacia em casa diversas vezes, preservando Pilotos que achavam que porque eu era pequenininha e mulher sabia fazer algumas manobras, a mesma era fácil e acabavam imitando sem técnica, sem conhecimento e eu me arrepiava de medo, pois sabia cada coisinha que poderia dar errado e os desavisados não.
Tive olhares de vários ângulos, e com o tempo veio o respeito.
Fiz de tudo para nunca errar, por isso as pessoas hoje confiam em mim, mas demoraram muito pra isso acontecer, pois quando iniciei Acrobacia, se na época chamar Piloto de doido era normal como até hoje é, imagina acrobata, quem dirá mulher então...rs
Estava sozinha nessa jornada, precisando sempre provar capacidades, foi difícil comprar o equipamento, fazer tantas viagens, estar nos treinos, cada lugar que passei foi muito bem aproveitado, porque sei o quanto foi suado chegar lá, mas cheguei. Ouvi tanta coisa absurda, mas melhor é colocar o óculos cor de rosa na maioria das vezes e seguir em frente.
Infelizmente, quem não tem coragem de sair da zona de conforto quer que o outro desista também.
Hoje estou aqui finalizando os temas de minha palestra, como não poderia ser diferente falaremos sobre SEGURANÇA.
Aguardo vocês por lá. Corram, as inscrições são limitadas.
Desta vez irei bem diferente, não estou mais sozinha, estou com Marré Infinito .
Gratidão
Vestindo colares Marré Infinito |