terça-feira, 19 de junho de 2018

Monte Santo

Hoje talvez seja um bom dia para escrever alguma coisa, talvez porque fiz 85km no último domingo? kkkkkk

Agora sinto cheirinho de temporada no Ar, que alegria. Gostaria muito de estar junto com um grande pelotão, esse é meu sonho, pois a maioria dos meus voos de distância acabam sempre sendo sozinha e pousar e não ter com quem comemorar é muito ruim.

Ontem decolamos junto, mas acabou que quem saiu e segurou no alto de 4 Pilotos apenas 2 tiraram para travessia do lago. A decolagem estava bem chatinha, o vento estava com rajadas fortes, rajadas de dar medo, que por mais que você tenha a calada, nós sabemos que pegaremos a bendita lá no alto.

O que são as caladas? Uma calada é quando temos uma térmica a nossa frente, que acaba sendo mais forte que o vento e ela fica como uma parede no mesmo. Aqui em Palmas é muito normal acontecer, em meio as rajadas decolamos nas caladas e saímos como um elevador, neste dia foi praticamente assim, sai ganhando tudo só voando pra frente. Até mesmo porque não queria pegar a rajada em cima da rampa, o que poderia me levar pra cima da montanha e evito muito ficar em cima da montanha baixo, pois ficamos sem tempo para qualquer atividade anormal que possa vir a ocorrer e o perigo de voar pra trás é presente.

Mas o dia era de tirada mesmo. Sábado fui com muita vontade de voar para bem longe, mas com as rajadas fiquei um pouco tensa, e isso acabou me segurando na minha comodidade mesmo, não tive muito cabeça para sair e acabei ficando frustrada, pois havia subido pra tirar e tive chance de fazer isso, pois ganhei tudo, enfim, podemos voar todos os dias, pra isso não precisamos forçar a barra, pois melhor tirar com a cabeça boa. Mas acabei voando por 2h praticamente, um sobe e desce daqueles kkkkk.

Logo, domingo estava pronta, tinha dormido bem, estava descansada e apesar de ser domingo e não ter resgate fui com tudo.

O voo foi maravilhoso, o teto estava pra lá de 2000m, nem cheguei na base, estava muito frio durante todo o voo, a saída foi muito boa, quando chegamos na cidade e na praia, estávamos perdendo, o amigo sugeriu de irmos pra Ilha, mas logo falei: Não vou pra ilha, vou ganhar e atravessar. E não deu outra, ganhamos juntos e fomos embora.

A temporada está começando, não tenho pressa, temos todos os dias para bater nosso recorde, mas este domingo não era um deles, primeiro a falta do resgate, segundo a decolagem tardia. Decolei por volta de 13:50. Como sou ainda novata no cross country, não acelero tudo, com o tempo vou aprendendo a ler as formações, os ciclos, é um aprendizado lento, necessita prática, tenho a prática de subir rápido e fácil, mas a de tirar esta vindo de mansinho e não tenho pressa, tô simplesmente curtindo cada momento e cada aprendizado, sempre cuidando para não ficar em lugares ruins e perigosos, sempre tenho que me precaver, pois pousar sozinha não é um bom negocio.

Ontem foi engraçado, o amigo acelerou tudo e ainda me perguntou se minha vela não andava kkkkkk eu estava só de olho aonde seria o gatilho certo, não queria perder a oportunidade de atravessar o lago, a próxima formação após o lago estava extremamente longe. Fiquei lá nos meus 30% acelerada, cuidando só da taxa de afundamento, otimizando cada metrinho, pra na hora certa acelerar. Aproximadamente no km 35 o voo passou a ser eu e os urubus, ia pousar com o amigo, mas pensei: "Poxa ele voa todo dia, vou tocar pra frente, pois só voo sábado e domingo", pedi desculpas e me mandei, não poderia desperdiçar.

Foi um voo incrível, passei foi muito tempo indo sentido a Paraíso subindo tudo sem fazer nada, que linha maravilhosa. Mas tive uma parte crítica, quase pousei no meio do caminho, mas aqueles metrinhos preciosos que economizei na aceleração me salvaram para chegar na termal derradeira. Agradeci muito pela decisão de me conter. Foi ela quem me levou a 2000m novamente. A deriva estava forte. Toquei em frente, pedindo essas desculpas ao amigo, mas...

E quando estava tudo perdendo novamente parecendo um ralo, achei  até que ficaria em um arado, de repente vi dois dusts lindos que nem pensei duas vezes, joguei pra cima, não estavam, tão assustadores, um mesmo se dissipou, salvaram meu voo me levando pro topo e de lá não sai mais. Que lindo, gostaria muito de ter filmado esses dusts, mas estava muito concentrada pra pegar alguma coisa, não queria perder a termal em hipótese nenhuma.

Passei a Serra de Paraíso, já foi uma conquistas das grandes, pois sempre ficava ali, brinquei até que havia comprado terreno..rs foram 3 voos com decolagem tardia, que me levaram até a entrada de Paraíso, mas desta vez, ela apenas ficou para trás.



Assim que passei por Paraíso, o vento virou um pouco, seguindo exatamente para Chapada de Areia, inclusive a cloud estava linda pra lá, mas eu teria que passar uma roubadinha (a roubadinha seria embrenhar em uma estrada de terra e eu poderia ter que andar tudo a pé até chegar no asfalto, e lá do alto parece perto, mas é uma boa caminhada, isso acarretaria em escurecer, e pegar carona a noite ficaria mais difícil e ainda mais perigoso) já estava muito tarde. Logo optei pelo planeio até Monte Santo mesmo que era o objetivo do dia, praticamente um voo declarado!

Nesta foto é nítida a minha curva para a direita, saindo totalmente da cloud, deu até dó, mas segurança acima de tudo, pois voo tem todo dia!

Felicidade total, chegando no objetivo
Foi realmente incrível. As belas paisagens marcam em nossas memórias, as conquistas pessoais nos enchem de ânimo e alegria, deixando-nos mais inspiradas para nossas próximas metas a serem cumpridas. Iniciei a semana muito bem, ansiosa pelo próximo voo, seja um prego, um lift, um cross, o importante é flutuar, porque lá em cima não existe tristeza e que nunca acabe essa vontade de quero mais.


Atleta: Little Cloud. Marré Infinito. Naviter.
Voando no centro do Brasil!
Gyps 22, Grasshopper, Oudie 4

Com amor,
Marcinha Finelli
Siga: @voafinelli
         @marreinfinito

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Naviter - Oudie 4

Estou aqui pra falar desta máquina, desta potência, que a cada dia que passa me deixa mais ansiosa pelo dia clássico em Palmas, justamente para eu poder navegar pra bem longe com ele por horas, horas e horas...

Fui buscar pessoalmente meu Oudie 4 lá no ES em Alfredo Chaves, especificamente em Cachoeira Alta, com meu grande amigo e parceirão de voo, Marcelo Ratis, a felicidade em estar adquirindo um equipamento dos meus sonhos só poderia ser assim, pegar aulas ao vivo e a cores.

Não sei o que está havendo que a condição está chegando muito lenta em palmas, ainda estamos naquele esquema de voos de segunda a sexta e sábado e domingo que posso voar, até chuva dá nessa seca e me torno cada dia mais ansiosa.

Brincadeiras a parte, fiz já bons voos e o que posso dizer é que minha primeira experiência de um voo mais longo com o equipamento foi em Jaraguá GO na Copa Cia do Vento, onde me rendeu o terceiro lugar na categoria performance. Fiquei mais que apaixonada, pois voei o tempo todo sozinha, isto é: Eu e meu Oudie 4 que não me deixou na mão nenhum segundo e me mostrou tudo que precisei durante os três dias em que participei das provas, me levando a esta classificação magnífica para minha primeira competição de cross livre utilizando um equipamento de ponta.

Isto nos dá mais garra, mais confiança em seguir em frente, é um voo diferente de você simplesmente se jogar e ver no que vai dar, é um voo onde você consegue avaliar melhor o seu voo e o seu rendimento. Realmente estou muito feliz.

2º Copa Cia do Vento - Jaraguá GO



Só falo uma coisa, quer voar longe? Voe com o melhor. Voe com o que te mostra as térmicas, com o que te dá qualquer informação que você tenha interesse lá em cima, parece brincadeira,  mas não é, estou realizada e implorando por uma janela boa para minha próxima conquista, com meu equipamento completo, estou realizada com tudo, selete, vela e agora meu eletrônico, está perfeito.

O Oudie 4 tem muita informação, basta você configurar da melhor maneira que te atende, é de fácil manuseio e leitura, colorido, lindo e me dá tudo gente, nunca pensei que ia gostar tanto de ver uma térmica, sempre pedi pra nunca ver, mas agora eu vejo!

Você mesmo configura sua tela com as informações que gosta de ter em voo, as configurações também podem ser do tamanho que você quiser e da cor que você quiser, por exemplo, se você gosta de ver a distância que já foi percorrida, você pode colocar uma janela com essa opção, do tamanho que quiser e pode ser colorida, tipo amarela, para a distância que foi percorrida, uma janela verde para a distância que falta para seu objetivo...e por ai vai.

Estou simplesmente apaixonada, e com certeza vocês terão o prazer de ver muitos recordes pessoais sendo batidos ainda este ano de 2018, pois aqui a janela está quase por abrir.

Você que já voou por horas, tipo mais de 3h e depois de pousar ficou com aquele pipipi do vário na cabeça, ou com dor de cabeça, saiba um dos segredinhos do Oudie 4, este som especial foi trabalhado para não fazer isso. Eu já fiquei com aquele som do vário na cabeça pós voo e confesso que não é legal, ainda mais quando estamos exausto e tem mais voo no outro dia.

Curte ai esse som gostoso de vento e vário e dá uma olhadinha, no final do vídeo você vai ver minha tela.




Fiquem de olho, vem recorde por ai já já!
PS: Vocês já repararam quem voa Naviter no Brasil? Só os melhores. Reparem...

Sigam: Little Cloud, Marré Infinito, Naviter.
Com amor,

Marcinha Finelli , )( `
Voando no coração do Brasil!

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Competições

O que faz você competir?

São muitas competições de parapente por ai, quando falamos em competição tudo muda no Piloto de Parapente, que é o alvo neste post.

Podemos competir para irmos além, para termos mais experiência, para estarmos com amigos, simplesmente para fazermos parte de uma subida com o ônibus da organização ou ter o resgate do mesmo, mas saiba, durante a competição tudo muda. Sua sede se transforma. E a vontade de vitória é certa.

O Piloto geralmente vai além, ele exige mais dele mesmo, ele quer vencer nem que seja dentro dos seus recordes pessoais, ele busca isso, porque estão todos ali pra isso.

Participar de uma competição pode ser para status levando seu nome a despontar e você conseguir aquele tão sonhado patrocinador, para alimentar seu ego, as vezes mascarado em seu próprio subconsciente ou simplesmente por se sentir mais seguro, devido uma competição ter toda a estrutura necessária para qualquer eventualidade, se é que todas estão preparadas para tal.

Nosso Ego, tem fome, ele come, come, come, come, seja no sentido de alegria nesse mundo tecnológico hoje onde todos buscam mostrar que estão eternamente felizes, seja para aquelas inúmeras curtidas, sabe lá de quem, pois inúmeras pessoas que o seguem talvez você nunca as verá pessoalmente, mas quando não existem curtidas essa alegria se torna em tristeza ou raiva, de uma forma ou de outra você está alimentando o seu ego, seja com alegria, tristeza ou raiva. 

Neste caso voltando as competições, geram diversos debates sobre o assunto, são debates sem fim, porque agradar a todos é impossível, mas viva a diferença, pois nada teria graça se todos concordassem sempre com as mesmas coisas e de acordo com as regras, entra quem quer.

Se formatamos uma competição dividida entre homens e mulheres, ambas poderiam ser classificadas igualmente, vou dar um exemplo bem simples:


CATEGORIAS VELAS
MASCULINO
FEMININO
A
1º Troféu
1º Troféu
B
2º Troféu
2º Troféu
C
3º Troféu
3º Troféu

Neste caso muito simples, ninguém estaria perdendo. Todo mundo poderia entrar competir e ficar feliz com seu nível, sem correr riscos e nem pular etapas, afinal de contas o prêmio é o mesmo para todos.

Mas alguém quer participar de uma competição assim?
Quando você vai a uma competição, o que você quer dela?
Qual o seu propósito em estar ali competindo?

Não entendo muito das grandes competições de cross country, mas entendo bem das de acrobacia, mas sempre caímos nesse questionamento, porque dividir as mulheres dos homens?

Sabemos que por enquanto a massa competitiva é masculina, queremos sempre incentivar as mulheres a entrar nos campeonatos, mas o que incentiva as mulheres hoje a competir? O prêmio que não é, mas devagarinho elas estão se destacando e logo logo, não haverá mais essa divisão de categoria, porque elas estarão mais confiantes.

Eu adoro estar lá no meio, estar com os melhores, aprender, sempre fui sedenta em aprender, ler e quando eu participava das competições de acro, eu queria mesmo era estar com os melhores e poder me divertir muito, além é claro de ter toda a segurança necessária no local para qualquer eventualidade, afinal de contas o campeonato de acro é obrigatório, os outros também, mas não pe sempre que temos ambulâncias a disposição.

Podem não entender, mas estar com os melhores, me tirava o peso dos ombros de ter que vencer, isso automáticamente me deixava tranquila e eu sempre pensava que estava em um treinamento apenas, sendo que estavam comigo os melhores e tínhamos toda segurança necessária, e neste sentido, minhas classificações eram magníficas, porque eu não me cobrava ao extremo, eu me divertia, era bem diferente divertir de ter a obrigação de vencer.

Em 2006 participei da minha primeira competição de acrobacia. Era iniciante na modalidade, logo participei com meu equipamento nível 2, na categoria Junior, tudo certinho, sou extremamente cautelosa e extremamente cobrada por mim mesma. A mesma sina que tenho em voar, tenho em voltar inteira pra casa.

Minha evolução foi fantástica no voo, mas ninguém lembra que eu voava todo santo dia. praticamente 3 a 4 horas dia, planejei minha vida para voar, sabe quem eu encontrava na rampa nessa época? Só os aposentados. E ficava preocupada com meu futuro, pois uma hora isso ia acabar...rs

No decorrer do ano de 2006 para 2007 foquei totalmente nos treinos, estava em SP todos os finais de semana treinando com minha equipe Piloto Safo, sabem o que é isso? Não ter uma vida social. Você quer isso? Porque acrobacia não tem moleza, quer treinar acro, esquece o mundo e vai de cabeça, e eu escolhi isso e mergulhei fundo. Assim como no Cross country também, são nossas escolhas, quer ser bom? Dedique-se, invista, esse é o segredo e não pense em retorno financeiro, porque aqui no Brasil isso não existe, a não ser se você decidir ser jogador de futebol.

Com esses treinos troquei a minha vela por uma de acro, sempre treinando na represa as novas manobras, porque meu foco era estar na margem do Campeonato Brasil Acro de 2007 com os melhores do mundo. E sabe o que aconteceu? Eu consegui, mas eu consegui mais do que isso, eu consegui curtir esse momento, era um sonho e muito aprendizado junto e sem o peso nos ombros.
Eram dicas atrás de dicas, era arredondar as minha manobras, era errar ali e o Félix Rodriguez chegar do meu lado e falar: "Você está errando porque esta antecipando..."
Isso dentro de uma competição. Foi a melhor competição da minha vida.

Então te pergunto, o que te leva a uma competição?
Aprender
Se destacar
Se elevar
Alimentar seu ego
Buscar patrocinadores
Evoluir
Se divertir
Encontrar amigos
Ganhar o troféu

Voar já é incrível, jamais se esqueça disso!

O incentivo virá da sua escolha, quer se profissionalizar? Corre atrás, a recompensa não virá em uma boa premiação de um campeonato, voo livre é um investimento pessoal, os grande Pilotos patrocinados investiram pesado para chegar onde chegaram e não foi correndo atrás de premiação de competição não, foi voando mesmo.

 Busque seus sonhos e sonhe muito alto, tanto quanto você voa!


Mutley: Medalha, Medalha, Medalha!!!!


Com amor,
Marcinha `)( ,

Voando pelo Brasil por pura diversão!

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