Ainda sobre as férias.
Já estava ficando frustrada, o vento sul não nos deixou, morei por 3 anos na Serra da Moeda, nunca havia pego uma condição como esta, 5 dias vento sul diretão.
Enfim acordei no domingo, pronta pra olhar pela janela, mas eis que vejo aquela formação igual a todos os outros dias, SUL de novo. Fiquei um pouco triste, mas nada que impedisse um passeio.
Então fui pro Élio bater um papo com ele e matar a saudade das nossas conversas. Tõ lá no maior papo sério alguém fala: Marcinha? É você a Marcinha? kkkkkk
Luanna é você? Que legal, que sorte encontra-la ali naquela hora.
Não deu dois segundos ela vira: Vamos subir?
Nem pensei duas vezes, passamos em casa para pegar o equipamento e let`s go rampa.
Cheguei lá sem muita cerimônia, arrumei o equipamento, conversei com alguns amigos rapidamente que fariam uma triangulação devido a condição que não estava das melhores, mas só ouvi e já tinha na cabeça que naquele domingo eu só ia joga pra frente, fazer o voo que eu esperei a semana toda e a condição não veio.
Já decolei ganhando tudo, não esperei nada nem ninguém, já fui embora a reta era uma só.
Conhecendo o equipamento, eu estava realmente inspirada a ir longe.
De nuvem em nuvem fui embora. Como é bom ter conhecimento, entender a natureza, seu tempo, sua força, ouvir o AR.
A saída foi com vento sul, nada muito fácil estrategicamente falando, mas quando vi já estava em cima do japonês.
Uma condição lenta, era um voo que não fazia a anos, ficar esperando a condição formar pra tocar pra frente, se usasse o acelerador perdia o ciclo. Estava muito bem definido assim e eu já sabia que perderia muito tempo.
Quando estava sobrevoando próximo a Brumadinho já não havia mais tanto vento atrapalhando e eis que aparece um coleguinha, me gritando pra ir pra térmica dele que estava bem na minha frente. Giramos ele abriu pra direita e eu pra esquerda, como estava indo bem voltei pro mesmo lugar, ai pensei, que massa, agora sim vamos longe, mas não, o coleguinha deu um giro, eu achei que era térmica boa, ele vazou e eu perdi tudo, inclusive minha linha que estava sensacional. Fiquei um pouco chateada comigo mesma, pois eu não precisava em hipótese nenhuma sair do meu raciocínio, e graças a condição que já estava melhor neste momento apareceram dois urubus lindos que ficaram voando comigo por um bom tempo, convidei eles a me acompanhar, tiramos essa do chão e me levaram pra base de novo e ficaram passando na minha frente, liftaram na minha vela, foi maravilhoso.
Enquanto me distrai com os urubus, perdi o coleguinha de vista, o que foi maravilhoso no meu pensamento, já que ele havia atrapalhado todo meu raciocínio kkkkk (desculpa ai coleguinha, mas desconcentrei geral com a sua aproximação, sai da minha rota e quase perdi meu voo).
Voltei pra minha linha de raciocínio que estava na esquerda, estava lindo mas...muito lento realmente.
Quando cheguei em cima da represa da copasa ai sim me incentivou a ir além, que visual maravilhoso, uma reserva linda, sem nenhuma estradinha, nada, mas pra quem esta acostumada a atravessar um lago de 8 km de super sonic, esse foi moleza, assim que ultrapassei a represa tudo mudou, o vento passou a atuar a meu favor e fui andando um pouco melhor , mas como disse a condição não era de acelerar.
Já estava muito cansada, era para ter sido um voo mais rápido em uma condição ideal, mas enfim, estava cumprindo o objetivo, ir pra bem longe da rampa.
Neste momento eu já pensava que estava toda na roubada e que o destino de retorno seria por BH.
Logo após atravessar a BR381 perdi muito, já estava exausta e também decidida a pousar, estava de olho em uma fazenda, preparando para pouso, as crianças já gritavam e corriam em minha direção, quando olho pra frente uma coluna linda de urubus, só no planeio eu chegaria até ela bem rapidinho, não resisti e pensei, meu amigo Deus não quer que eu pouse por aqui não, vamos pra frente.
Confesso que já estava no meu limite.
Mas toquei assim mesmo, base de novo um sorriso que não saia do rosto mais e fui embora.
Neste momento tudo ficou sombreado, para eu continuar o voo eu teria que mudar um pouco a rota, saindo do perímetro das cidades, passando por regiões sem casas ou estradas, então optei em tirar direto mesmo e pousar na beira de uma represa linda, cheinha de famílias curtindo seu domingão.
E foi lá que conheci esta família maravilhosa sobrenome Parreira, que logo me acolheu, já olharam o horário do ônibus pra BH e me receberam de braços abertos em seu churrasco maravilhoso naquele paraíso e me levaram pra rodoviária e ainda ajudaram com passagem e lanche, isso é incentivador, energizante para os próximos. Aparecem pessoas em nossos caminhos abençoadas, gostaria muito que eles estivessem sentindo a minha sensação de realização e alegria que eu senti ao pousar ali e ao conhece-los. Espero a oportunidade de um dia recebe-los aqui no TO, o convite está super de pé.
Eu estava muito eufórica com o voo, estava cansada, devia estar uma tagarela sem limites...kkkkk
E eles se empolgaram, e começaram a puxar assunto, tentando visualizar o lugar que sai, o tempo que voei, como seria tudo aquilo e claro que eu era muito doida kkkkkkk.
Que dia perfeito. O recorde não foi batido, mas eu volto, terei muito tempo pra fazer isso em uma condição ideal. O importante é que me diverti demais, conheci pessoas maravilhosas e me senti muito segura todo meu voo.
O equipamento é sensacional, responde muito bem, tem um planeio maravilhoso, passei por grandes buracos no azul que não me atrapalharam.
Estou muito satisfeita com a escolha, voar com segurança é o que importa.
E pra falar a verdade, só tô começando, ainda vai ouvir muito o nome Voa Finelli na Acro e no Cross country.
Orgulhosa demais por aproveitar meu feeling pra qualquer modalidade no voo livre de parapente.
Voando pelo Brasil!
Acrocross, vamos simbora...
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Meu resgate, foi sensacional com essas pessoas maravilhosas, só tenho a agradecer por tudo o que fizeram. |
Pousei na Barragem Benfica!
Em breve algumas imagens do voo.
Marcinha Acrocross , )( `
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