sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Início de 2003

Enfim, começaram os voos e as esperas sem fim pelos finais de semana.

Nessa época tentava focar mesmo nos estudos para esquecer um pouco que a semana era tão longa. Estava cursando Fisioterapia.
As baladinhas com meu irmão deixaram de ser interessantes e passei a ser uma companhia meio chata, porque quando abria o céu a noite, aquele monte de estrelas, eu logo queria ir embora pra casa, pra poder levantar cedo e ir treinar, resumindo, deixei a noite pra descansar e o dia pra aproveitar.

Lá em casa o lema sempre foi: "pode fazer o que quiser, mas se reprovar em alguma matéria...já sabe, perde tudo." Então era com muita satisfação que sempre ia bem na faculdade.

Quando iniciei o voo no Tocantins, o Estado era bem definido com suas duas estações, eram seis meses de seca e seis de chuva, logo a umidade ia de 12% em meados de Abril-Outubro para 98% Novembro-Março era muito seco e depois muito úmido, impraticável voo livre na época de chuva. Era um tédio, por isso comecei a pesquisar por novos lugares, era muito tempo sem voar, o estresse tomava conta.

Aqui ainda não existia a Usina Hidrelétrica Luiz Magalhães ou Usina Hidrelétrica do Lajeado. Havia apenas o Rio Tocantins que passava bem distante da nossa rampa, neste caso o vento era muito bem definido também, época de seca predominava o vento Leste e época de chuva predominava o vento Oeste, era isso e pronto, de quando em vez vinham chuvas Sul ou Norte, anos  muito bem definidos.

Voei muito tempo com um equipamento de um amigo que havia iniciado as aulas e não tinha muito tempo para treinar e terminar o curso. Como eu já voava ele acabou deixando o equipamento comigo, era um Yaris da SOL, tamanho M (sim era enorme, mas era a oportunidade que eu tinha de voar, sempre colocava um lastro grande, as decolagens de lastro eram exaustivas).

Já me deliciava em pousar no Trevo, hoje chamamos de Posto, já que temos um posto de gasolina lá, mas pousar no trevo era maravilhoso. Sempre tinha medo de passar dali devido espaço aéreo, tinha muitos amigos Pilotos de pequenas aeronaves e eles falavam que não voavam olhando para o céu, por isso era pra tomar cuidado, e sabíamos os horários de rotina, claro que não sabíamos os fazendeiros que iam passear em suas fazendas. Optava em não arriscar. O aeroporto de dentro da cidade já estava desativado, mas mesmo assim eu tinha medo. Se formos realmente analisar, não somos nada nessa imensidão azul, um mosquitinho.

Nesse meio tempo começou a vontade de ir em outro lugar já estávamos em Março de 2003 e por acaso eu iria pra BH. Quando começou essa vontade e essa viagem chegando vi na lista BR um e-mail de um voador de BH, estava lá a assinatura Kotoko BH, na hora copiei o e-mail e enviei uma mensagem, falando que eu estava começando, que ainda não tinha carteira, mas que estava indo pra BH e nem sabia que tinha voo livre por lá, falei que não tinha vela, mas que ficaria um tempo lá e queria muito conhecer a rampa. Ele me retornou super rápido, fiquei tão feliz. Nossa foram dias simplesmente super empolgada e louca pra chegar a hora de conhecer a rampa e novos pilotos.

Lá em BH marcamos um encontro com uma turma pra eu conhecer, ele havia me falado que conhecia uma escola de voo que seria perfeito e que eu poderia ver como eu estava e talvez já fazer a prova, dependendo do meu nível de prática. Gente era dos sonhos o que estava acontecendo. Minha mãe entrou em pânico, tadinha faço a vida dela muito mais emocionante kkkkk.

Estava naquele auge de encontros via internet, com vários assassinatos, ela não queria deixar eu ir de jeito nenhum, não adiantava explicar que era diferente, que era de esporte e que era uma lista fechada...blá blá blá, no final das contas foi maravilhoso, meu irmão deu um help, fomos em um restaurante próximo a minha casa, todos moravam lá perto, (por incrível que pareça, nada nessa vida é por acaso), Nos encontramos eu Kotoko com a namorada hoje esposa, e uma turma muito bacana e foi onde conheci o Wander Instrutor.

Foi perfeito, no outro dia fui pra rampa com eles e tudo combinado para a ir pra Escola.

Era inacreditável o que meus olhos viam, a única rampa que eu conhecia tinha 320m de altura, pra quem não conhece a Serra da Moeda além de fabuloso...era o dobro quase de altura, sem palavras.
Tocantins todos sabem que é muito quente né, cheguei lá um frio daqueles e estava tudo tudo entubado (pra quem não sabe o que é isso, é quando as nuvens nos tocam sem sairmos do chão) Estava lindo demais, então foi daquele jeito, cheguei lá só tinha o visual do lado Moedinha, Moedão todo coberto de nuvens, de repente aquelas nuvens foram subindo subindo subindo um vento super forte e sim fiquei extasiada, o visual era incrível, só indo lá, falar é impossível. Neste dia não deu pra fazer nada na rampa.

E o combinado era ir pro morrinho escola e mostrar o que eu sabia fazer. Foi a primeira vez que usei um equipamento compatível com meu peso e em bom estado, fiquei apaixonada, na hora que me falaram que estava a venda então, quase enlouqueci todo mundo em minha casa pra comprar. Estava bem perto do meu aniversário, seria perfeito demais...rs, imaginem o tanto que eu infernizei pra ganhar esse equipamento de aniversário.

Mas no morrinho foi como começar do zero, nada do que eu fazia era válido, combinamos aulas por 15 dias, era o que eu tinha, mas dentro desses 15 dias mesmo, usei só 4, os finais de semana, pois o Wander trabalhava em outra coisa durante a semana. O objetivo era aprender a decolagem invertida, nunca tinha visto, decolávamos apenas alpina. E o combinado era que eu só faria a prova se aprendesse a decolar bem a invertida. Nossa que decolagem mais chata no início (cada um tem um jeito especial, eu não consegui pegar o jeito do Wander de forma alguma. Dava tudo errado), me embolava toda no tirante, sempre pegava errado, mas isso não me impediu de fazer bons voinhos no Morrinho tanto norte quanto sul, que saudade (o norte não é possível mais voar, ele foi todo loteado, o sul não tenho conhecimento, sei que todo mundo morria de preguiça dele, porque era bem difícil de subir).

Treinei muito e aprendi muita coisa nova, eram vários alunos juntos, isso era maravilhoso, tudo muito diferente do que eu estava acostumada, e gente, tem uma grande diferença em aprender com um Piloto e aprender com um Instrutor, acreditem. Hoje o Piloto que me ensinou é Instrutor e há essa diferença nele hoje, ele mesmo sabe disso, não estou desmerecendo o que ele fez por mim, mas alerto que não façam isso, retarda muito nossa evolução, mas confesso que tive uma boa base em questões de segurança para conexões e cheque e isso pe extremamente importante.

Então infelizmente acabaram as férias, não me formei, não comprei a vela e voltei pra casa, bem triste, muito triste porque eu queria mais tempo, queria muito aquela vela de presente (totalmente fora da minha realidade óbvio, mas enfim...sonhos, eu jurava até o último segundo, que ganharia aquela vela, criei expectativa demais, e isso trás uma frustração muito maior).
Assim que cheguei em Palmas encontrei o Eli (grande amigo até hoje) e ele estava aprendendo também. Falei pra ele: "Eli, lá ninguém decola alpina, a decolagem é invertida, eu não consegui dominar, mas vou te explicar, sei que você vai conseguir."

O Eli treinava comigo no Espaço Cultural, éramos os do contra na cabeça dos mais velhos no voo kkkkk. Foi dito e feito, assim que passei a orientação de como era, Pah, ele fez na hora, eu achava o máximo, nunca tive problemas em ensinar alguma coisa que eu sabia (as vezes no voo parece que as pessoas não te ensinam as coisas com medo de você ficar melhor que elas...isso é ridículo), sei que foi lindo, e nunca mais ele fez alpina....rs (mas éramos muito criticados por nossas inovações, mas paciência né, evoluir é preciso)

Tinhamos neste momento outros alunos e um deles era o Chorão, figuraça, foi o primeiro que me falou a tão fatídica frase no pouso: "é uma mulher? Se mulher voa eu também voo..." Gente eu ria tanto. kkkkkkkk
Então ele começou o curso, comprou logo o equipamento e foi mais um que me emprestou várias vezes. Sempre que ele não podia voar, ele deixava o equipamento comigo, não me recordo a vela, mas os carcarás que derem uma olhadinha na vela saberão.


Nesse meio tempo, continuei voando Yaris, estava bem melhor agora e tinha um conhecimento maior sobre a vela grande e suas consequências e isso dava um pouco de insegurança, mas não deixei de treinar e claro com essas velas grandes peguei mais habilidade. Não recomendo, pelo amor de Deus.

Não estou achando nenhum registro dessa época, uma pena, mas caso encontre, vou publicar.

Com amor;

Marcinha ´ )( ,











domingo, 4 de dezembro de 2016

1º Capítulo - Meu Primeiro Voo

Olá pessoal, como prometido, vou tentar contar pra vocês sobre minha trajetória. Alguns se enxergarão nos sonhos e desafios, que seja sempre um incentivo para o crescimento.

Peço licença para talvez usar nomes de amigos que fizeram parte deste caminho e caso algum sentir se exposto ou não goste de ser mencionado, peço que entre em contato, com certeza removerei, pois em alguns episódios serão necessários.

Como tudo começou...

Muitos já conhecem essa história, mas para quem ainda não teve oportunidade, senta que lá vem história.

Minha vida foi cheia de vai e vem, sai de Minas Gerais  muito nova, meu Pai decidiu desbravar a divisão do novo Estado do Tocantins. Passamos muitos anos no TO, voltamos pra MG, voltamos pro TO, voltamos pra MG e assim foi minha adolescência, já estava me acostumando com as separações e meu coração começou ai a aprender que as verdadeiras amizades estarão sempre conosco, passe o tempo que passar ou a distância separar, amigos são amigos.

Nesse vai e vem acabei ficando em BH e iniciei a Faculdade de Economia, uma fase maravilhosa, estávamos na transição do real, tudo acontecia, era realmente real, nada imaginário, como realmente é a economia kkkkk, quando se tornou a incógnita de novo, com previsões eu já não estava mais fascinada pelo curso e acabei trancando a matrícula e indo passar um tempo no TO com meus pais.
Não tinha muito que fazer, não conhecia ninguém, então foi uma fase dedicada ao esporte, virei atleta, corria, pedalava e patinava, às vezes passava o dia todo na academia.

Um belo dia conheci uma pessoa, que virou pra mim e falou: “Nossa você é uma atleta, adora esportes, tenho um convite que você vai adorar. Que tal ir comigo na Serra no final de semana, tenho uma surpresa pra você.”

E ficou combinado, estava muito curiosa, queria muito saber o que era. A única coisa que ela havia me falado era que só iam homens e isso há deixava um pouco incomodada, por isso ela gostaria de uma companhia feminina e tinha certeza que eu ia adorar.

Finalmente chegou o bendito sábado, e entramos no carro e subimos a Serra do Carmo, só o passeio já me deixava maravilhada, sempre gostei muito de estar rodeada pela natureza.

Até que depois de longos 40min, chegamos ao nosso destino, um mirante deslumbrante de frente para o vale de Taquaruçu Grande. Eu deslumbrada com o visual, nem reparei no pessoal descendo seus equipamentos, quando me dei conta, já tinha um rapaz inflando sua vela, lembro como se fosse hoje, até o som da vela subindo  tenho na memória, o sol se pondo logo atrás, dava um tom bem amarelo ouro pra dourado, uma cor que tanto amo nesse por do sol do Cerrado, e logo este rapaz inflou correu e decolou, tudo muito rápido. Eu fiquei ali de boca aberta pensando: Meu Deus, isso que faltava na minha vida.

E já fui pra perto desta nova amiga e queria saber tudo. E ela me falou que tinha uma pessoa dando aula, mas que ela não queria fazer sozinha e se eu topasse seria ótimo. Imaginem...topei na hora.
Cheguei em minha casa louca pra contar a novidade, já estava tudo combinado, já teria aula no outro dia, estava muito eufórica.

Acho que no início minha mãe não levou muito a sério, deve ter pensado que era fogo de palha, só me falou uma única coisa: “Você não tem dinheiro para praticar este esporte, pare antes de sofrer, é um esporte para ricos.” Mais nada.

Imediatamente queria dar a notícia para meu irmão Alessandro que morava em BH na época, liguei e falei: “Nem te conto, estou praticando voo livre” Ele: “que massa, nossa parabéns, que legal, blá blá blá...beijo e tchau”

Passa cinco minutos me liga de volta meu irmão: “Você falou que está praticando voo livre¿ Isso é muito perigoso, tome muito cuidado, juízo...” Quase morro de tanto rir nesse dia, rir de alegria e dele recebendo a notícia e digerindo. Ai sim eu tinha certeza que ficaria em Palmas de novo.
E que comecem nossas aulas. No início combinamos de levar o professor para voar e faríamos o resgate e as aulas seriam depois do voo, era tudo muito longe, mas quando chegava a hora da aula, tinha energia de sobra.

Então fomos para um morrinho, na primeira vez ouvi tudo sobre tirantes, boca, linhas, selete...aquela coisa toda, conhecendo o parapente, me conectei e inflei já com as orientações do Instrutor, a vela era muito grande, não havia escola de parapente aqui, era um Piloto me dando aula (Mauro medeiros - Tenho muito a agradecer). Na primeira inflada já voei kkkkk que perigo, logo aquele impulso de freiar, então o Mauro gritou, levanta a mão, levantei de uma só vez, imaginem ai na suas caixolas o filminho passando...levantei a mão e a vela avançou e eu lambi o chão de peixinho, cheguei em casa com a calça toda ralada um machucado no joelho e a mão ralada, foi o suficiente pra começarem o sermão do quanto era perigoso o que eu estava fazendo e que não tinha dinheiro pra isso, principalmente se eu me machucasse.

No outro dia estava eu no cursinho com um saco de gelo no joelho e louca para minha próxima aula, não parava de pensar em tirar os pés do chão de novo. Infelizmente as pessoas que estava fazendo aula comigo eram duas e os dois, tiveram a mesma experiência, mas isso causou muito medo e eles acabaram parando, eu não, queria mais, queria voar, já não tirava isso da cabeça.

E um dia meu Instrutor falou: “Estou te dando aula porque sei que quando você decolar um monte de marmanjo vai querer, só porque uma mulher voa.”
Foram meses e meses fazendo aula nesse morrinho.
Levava eles pra voar, o ponto de referência era o trevo que eram 14km da rampa, uns 15km do pouso (este ainda não tinha asfalto) e uns 13km do morrinho aproximadamente.
Sempre treinávamos no final da tarde, mas era cansativo, chegava lá nunca tinha vento, chegávamos sempre depois das 17h, era frustrante.

Quem me ajudava muito no morrinho também, era o Ricardo, nossa companheirão no início, mas tenho uma história dele pra contar que por causa dele e graças a ele, quando é necessário cabo, nem decolo.
Um belo dia estávamos no morrinho, fui treinar com ele (Ricardo), o vento estava um pouco forte e eu pra variar com uma vela grande. Estávamos há um tempo já esperando, até que ele vira e fala: Lembrei, tenho uma corda no carro, agora você vai. Vamos amarrar a corda em você e eu não te solto.
Topei né? Confiei na figura.
Só pra constar, atrás do morrinho escola era alta tensão..me preparei toda, tudo pronto, corda amarrada, e inflei. Deu tudo certo, ele segurando e tudo eu super feliz, pois estava voando, olhando longe, nossa estava maravilhoso, até que olho pra baixo, pois já estava achando aquilo alto demais. Quando olhei pra ele, estava com as duas mãos me dando tchau, meu Deus, que cena horrível aquela, logo olhei pra trás pra alta tensão, pensando que ia pra lá, pois vento forte, vela grande, eu voando...tudo errado, deu um pânico momentâneo e sabe aquelas caladinhas dos deuses? Ganhei uma nessa hora, os anjos protegem com certeza, calou o vento de um jeito que fui planando no morrinho e pousei, inacreditável. Me pergunte agora sobre cabo, corda...curuz, sensação horrível. Graças a Deus deu tudo certo. e ele numa calma...kkkk só quem conhece o Ricardo vai saber do que estou falando.

Um belo dia chegou um voador de fora, lá de Cuiabá (Cacá), eu já estava numa fase boa nos treinos, mas ainda faltava muito. E ele decidiu me ajudar, começamos a ir pro morrinho pela manhã, bem cedo, tipo 7h. E foi uma evolução. Era outra aula com certeza, mais fácil, mas a base já estava toda na caixola. Além de ter ganhado meu livro Parapente brasil, super recomendo, histórias incríveis de carcarás do voo livre.

Estava treinando com uma vela muito, muito velha, já tinha passado por vários donos, incluindo o Ricardo, o irmão dele...e os que nem sei, e quando eu peguei, ela estava guardada embaixo de um tanque de lavar roupas, quando abri estava toda mofada. Eu era muito novata, não tinha noção de peso de vela, de tecido, de nada. Só queria voar.  Acontece com muita gente. Na época sei que a turma estava pequena e todos queriam novos integrantes, era muito importante, por isso faziam o que podiam com o que tinha, a vontade de crescer o grupo era maior. Se não me engano eram uns três pilotos apenas, sendo que um era de Goiânia, vinha de quando em vez.

E um belo dia meu instrutor resolveu que era hora de me decolar. Subimos a Serra num final de tarde lindo, eu estava muito nervosa, daquele jeito, dor de barriga, mãos frias, achando que ainda não estava preparada, mas sim eu estava preparada. Por incrível que pareça neste dia apareceu mais um Piloto, ele nunca tinha se identificado, mas já voava há algum tempo também, mas nunca havia voado em Palmas. E finalmente chegada a hora, tudo pronto, todos lá olhando, decolei. E vou falar pra vocês, meu primeiro voo foi terrível, não foi dos sonhos não. Porque a vela estava realmente muito velha e parachutou. Deu tudo certo Graças a Deus, mas bati o ombro na árvore onde estava o rádio e então ele saiu da frequência, eu não sabia mexer em nada, bati a mão no meu corpo todo para saber que estava tudo bem e que não tinha machucado nada e de repente olhei ao redor e  fiquei paralisada olhando pra uma fenda na pedra, morrendo de medo de ter uma cobra, pois já estava no horário delas saírem da toca, no TO tinha muita cascavel nessa época, eu só pensava: que bom cai de parapente e agora vou morrer por causa de veneno de cobra...kkkkk. Estava em um lugar onde não tinha visual para meu Instrutor e começamos a gritar, eu de cá falando que estava tudo bem e ele de lá desesperado, achando que eu tinha machucado, deixei a vela aberta como a orientação dada durante o curso, até que chegassem até mim.

Fui resgatada pelo novato e pelo Instrutor. Ainda bem que era andável onde estava, subi pra rampa novamente e logo falei: “Ou vou agora de novo ou não vou nunca mais”.

Ele estava muito assustado, mas acabou aceitando e ai sim fiz meu primeiro voo, pousei daquele jeito, pernas bambas que não consegui nem ficar em pé, mas estava realizada, deslumbrada, sem palavras, foi uma comemoração incrível e neste dia vi que valeu muito a pena todo o cansaço treinando, e claro gente, eu queria mais...kkkkkk Mas não dava para subir de novo, era muito longe chegaríamos a noite.

E assim comecei a voar.

E foi ai que os treinos começaram de verdade.

Comecei a ler muito me inscrevi na lista BR e um dos sites que mais me inspirou, ajudou, ensinou, foi o do Sivuca, indico pra todos os pilotos até hoje.


Assim que comecei a ler vi que tinha que treinar de forma diferente, estava errado o que eu estava fazendo, estava faltando o controle de vela, claro. Então pedi emprestada a vela que estava parada e pedi pra treinar como mandava o site do Sivuca, nossa nessa época foi bem difícil, fui muito criticada, teve confusão, achavam um absurdo eu treinar no chão, para eu treinar com a vela velha a dona da vela queria me vender, enfim acabou dando tudo certo e um belo dia estava eu no Espaço Cultural treinando e me aparece um repórter e ficou interessado e acabei até saindo no jornal. Expliquei que era novata ainda, e que estava apenas tirando a umidade da vela, nem selete eu estava usando no dia. 

Já fiquei famosa na cidade sem querer kkkkkkk.

O texto no jornal relata: A onda não é nova. E a liberação de adrenalina está no perigo de enfrentar o espaço sob as asas sublimes do parapente. Do alto da serra do Carmo deve ser um abismo de contemplação. Daí a estreita necessidade do treino que pode levar as alturas. Ou ao medo.

Realmente minha mãe estava certa, não tinha dinheiro para comprar o equipamento. Mas toda gratidão do mundo tenho para quem me ensinou (Mauro Medeiros), pois foram várias vezes que ele deixou de voar seu final de tarde lindo, para me emprestar seu equipamento, isso não tem preço, não foi uma ou duas vezes não, foram várias e várias vezes.

Era um equipamento gigante pra mim, depois do ocorrido no primeiro voo a vela pequena ficou pra treinos no chão e nunca mais teve voo com ela. Na vela grande eu ficava muito alto, achava o máximo, não tinha noção do perigo, mas eram voos lindíssimos e ficavam mais lindos quando eu pensava que o dono do equipamento quem poderia estar voando ao invés de me emprestar, afinal de contas, contamos os segundo durante a semana para irmos voar sábado e domingo e ele não era diferente, e chegava no final de semana era eu quem voava nos finais de tarde. Uma lembrança muito gratificante só tenho a agradecer.

Mas daqui pra frente ainda tem muita coisa, pois eu aprendi a decolar e pousar. Ele era Piloto e não poderia aplicar a prova para eu tirar a minha carteira, ainda tem muito chão pela frente...aguardem!
Fotos desta época são raras, algumas estão em BH ainda, mas não tínhamos acesso a tanta tecnologia, por isso serão raras imagens e vídeos.

Gratidão Mauro Medeiros, pela dedicação em me passar estes ensinamentos.
Hoje Mauro é Instrutor, tem uma Escola, e realiza voos duplos na região e já fez vários Sivs.

Com amor,

Marcinha , )( `




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