domingo, 2 de julho de 2023

Acrobacia é lindimais!

 Já escrevi tanto sobre acrobacia, foram 10 lindos anos aprendendo e desfrutando do mundo girando.

Adoro conversar sobre isso, posso ficar horas aqui escrevendo que tenho muitas boas lembranças. As gerações foram mudando e mudando, sei lá quantas gerações já se passaram depois que parei de fazer acrobacia, mas sabe o que nunca muda? A história.

Um dia um jovem perguntou: Mas quem essa menina pensa que é, nunca vi fazendo nada...rs 

E eu respondo: Nem vai ver coitado, pois não faço por exibição é por amor, não é pra ser famosa, é para aprender.

Me lembro quando treinava na Serra da Moeda, a rampa parava, o povo falava: Vamos ver, a Marcinha vai decolar, e gritavam...e Marcinha, manda um sat pra nós...

Boas lembranças.

Vou colocar algumas fotos que já compartilhei diversas vezes no insta, no face ou aqui, são fotos muito marcantes, especiais demais, mas desta vez, vou contar um pouquinho sobre cada uma, talvez separadamente, porque são histórias incríveis.

BrasilAcro Guapé 2006

 Essa foto tem uma bagagem muito especial, eu vi um anúncio de um campeonato de acro, logo depois de ver um vídeo de Mike Kung fazendo um loopingm que eu não tinha nem ideia que o parapente fazia aquilo. Nessa hora eu pensei: Meu Deus minha familia está certa, esse esporte é muito perigoso, preciso aprender mais e se algum dia o parapente virar desse jeito comigo, como vou sair?

Então aqui começa toda a minha história com a acrobacia, mas essa conto outro dia, hoje vamos falar de etapas marcantes.

Nosso primeiro BrasilAcro 2006, um sonho realizado por Alexis Rabello, um rapaz que fez história no Brasil talvez você nem saiba quem ele foi, mas ele fez muito pela acrobacia e pelo parapente, teve o maior SIV da história até hoje. 

Me ajudou muitíssimo, meu primeiro patrocinador. 

No meu primeiro siv com ele, já me convidou pra equipe, viu potencial, coração bom demais, esse faz muita falta entre nós, imagino as maravilhas que ele estaria fazendo se o Brasilacro tivesse continuado, porque era amor demais pelo esporte, não era por dinheiro, porque ganhar dinheiro com competições...convenhamos, isso não existe. 

Nesta época já estava morando em BH para facilitar os treinos, mas, dividia meu tempo com o trabalho, então os treinos eram sempre sábado e domingo quando ia pra represa treinar com a Piloto Safo. Pegava o busão sexta a noite, viajava a noite toda pra sampa, lá o Alexis me buscava na rodoviária e me deixava domingo a noite, pois segunda era no batente, Foram meses assim.Ele me apoiava com os treinos que eram muito importantes.

BrasilAcro Joanópolis 2007

Essa foto acima já foi em 2007, segundo BrasilAcro, realizado na represa de Joanópolis. Grandes feras juntas, foi um grande espetáculo. Nesta competição resolvi mudar de glider o que me fez mudar também de categoria e sai da junior para a Master porque era um glider de acrobacia não homologado. 

Eu já estava decidida a me tornar uma acrobata profissional, não fazia sentido eu ficar voando outro tipo de glider.

A vontade era de ver mais de perto os melhores do mundo e você tem ideia? Eu estava lá, nem acreditava, era surreal estar na margem para decolar com os melhores do mundo. Teve uma manga (manga era como uma bateria de apresentação para os jurados) da competição que estávamos na margem Eu, os Renatos (Curreca e Renatinho meus ídolos do Brasil) Raul Rodriguez, Félix Rodriguez, Horácio, Pitocco, Fabio Fava.., éramos os melhores do mundo, dá pra imaginar? Me incluo com certeza, pois nessa época não tinham muitas mulheres na acrobacia e pra mim não fazia sentido nenhum participar da junior já que não tinham muitas mulheres.

Mas isso me deu uma grande dor de cabeça no início, pois o Alexis escutou os conselhos de uma representante de um glider X e veio conversar comigo, disse que eu teria que ir pra junior para ganhar, mas eu não estava lá para isso, eu estava lá para ver os bons e aprender e ele sabia disso, pois como meu patrocinador eu sempre fui bem claro com meus objetivos, enfim ele queria que eu usasse um parapente grande tipo acima de 23m, e eu já estava treinando com um 19m, eu fiquei muito frustrada e disse que não iria fazer isso, pois nunca representei marcas, porque as marcas nunca me ajudaram muito, mas com certeza seria podium pra tal marca X que já estava de olho grande nas vendas e não no apoio ao atleta. E eu disse não, ai ele me colocou de castigo, disse que era pra eu pensar um pouco. Neste período o Felix Rodrigues estava ministrando Sivs com ele, e perguntou pra mim: Porque você está sentada e não vai rebocar? Eu fiquei praticamente um dia sem reboque, só ajudando os outros e no Siv, Ai expliquei a situação, queriam trocar minha vela e eu não concordava e o Félix era representando da marca X, olha o olhar de um profissional. Ele foi até o Alexis, conversou meia duzia de palavras olhando pra mim e não foram 2 segundos, Alexis caminhou na minha direção e falou: Tá bom, sua vez, pega seu equipamentom. Nem sei o que o Félix disse, mas deu certo. Eu dei aquele pulo de alegria e claro corri pro reboque. 😁

Foi muito aprendizado, mas não pensem que saiam ensinando tudo não, informação nessa época era ouro e pontos...kkkk Competição que chama né?

Acrobatic Vitória ES 2007 Eu e Renatinho

 

Acrobatic, evento liiiindo, uma apresentação na praia de Vitória ES, organizado por Frank Brown, foi muito lindo, reboques feitos no mar. Quando recebi um e-mail do Frank Brown me convidando, eu fiquei em choque, ainda não acreditava que eu estava realmente entre eles, abri o e-mail e me lembro como se fosse hoje, liguei para o Alexis para contar a novidade. Um evento organizado por Frank, meu Deus o ídolo nacional e eu uma convidada, foi como um sonho. 

Os eventos do ES são sempre muito diferenciados, são muito bem elaborados, o Frank em especial, fez um excelente trabalho divulgando seu estado maravilhoso, mostrando para o mundo o potencial do ES.

Foi uma apresentação linda na praia de Vitória.

Na próxima foto foi um evento tão incrível, eram dois finais de semana de competição, um em Linhares e um em Marobá ES. Mas pessoal, não pensem que é fácil organizar um evento de acro, acompanhei esses processos e é bem complicadinho, quem organiza tem que estar realmente muito disposto.
 

Linhares Acro - Linhares ES 2010

Foto acima de 2010, evento maravilhoso realizado em Linhares ES, mais uma excelente competição, essa foi extraordinária, muito risada, mais aprendizado, todo mundo crescendo junto, lindo, e eu lá, sempre aprendendo.

Marobá Acro - Marobá ES 2010

Ai veio Marobá ES, mesmo campeonato, dividido em duas etapas, neste já rolou um estresse, pois fiquei em quinta geral e tinha prêmio, um prêmio que não levei pra casa, eram alguns reais e um troféu, mas alegaram estar dividido entre homens e mulheres kkkkkk eu ri muito nessa hora, só pedi pra me mostrarem as regras da competição, no final das contas não levei o dinheiro, porque este já haviam dado pro rapaz, mas levei um troféu escrito Masculino...por mim não tinham que dividir nada de masculino feminino, voar é técnica e não peso, força, nunca aceitei isso, talvez por isso muitas mulheres não gostam muito de algumas coisas que eu falo. 

O tempo passou e entrei pra equipe U-Turn. Olha essa família linda abaixo, mais um evento incrível que fiz parte. Esse foi o mais engraçado, porque era obrigatório ter seguro, mas o bendito seguro não cobria  parapentes não homologados kkkkkk.



Encontro incrível da U-Turn 2011, que mega e lindo encontro, invadimos literalmente Grarujá SP. Foi demais estar com essa galera, tivemos alguns imprevistos no evento, mas no final das contas o encontro gerou muitos contatos e foi incrível. Já não era mais competição, eram apresentações, assim a acrobacia começou a ter uma nova fase no Brasil, uma nova história, para ser mais apreciada por todos, afinal, no geral, acrobatas eram sempre os loucos, mas na real, somos sempre os mais responsáveis, posso dizer de coração aberto, sempre tivemos que mostrar responsabilidade, pois taxados como loucos, nunca podíamos errar.

Anchieta ES 2011

E com apresentações, nada melhor que saltos de helicóptero. Um espetáculos, Anchieta ES. Que coisa mais linda, que experiência única e maravilhosa. Éramos parapentes, wingsuit e PQDs. Só alegria. Um helicóptero e muitos saltos. Infelizmente nosso querido amigo Ratão o piloto do helicóptero que topava tudo e voava muito bem, sofreu um acidente com sua esposa anos depois, muito triste. Por isso precisamos aproveitar ao máximo tudo e todos ao nosso redor.

Mas o tempo passa, as pessoas mudam, crescemos e coisas que achámos importantes, pessoas que respeitávamos se transformam. A ambição trás junto com ela muitas decepções. Em 2012 convidada para uma apresentação em Jaraguá, foi onde decidi parar, foi minha cartada final com muito orgulho, voei muito pois fazer acrobacia no cerrado com térmicas fortes, nunca foi pra qualquer um, mas era pra mim era minha casa e eu amava isso. Fiz tudo pra quem estava na rampa deslumbrar, foi tão maravilhoso. Mas nem sempre tudo é tão fácil, me convidaram para fazer um rollower de um balão que estava por lá, ai o baloeiro topou e tal, quando foram me apresentar para ele foi bem assim: Mas é uma mulher quem vai saltar? A não...E o cara deu um passo atrás. A história não se resume a isso, mas no final das contas eu disse muito obrigada, não confio em saltar com você e nem preciso kkkk.

Sim gente, tem tanta coisa que acontece por trás, não dá pra ficar focando em tristezas e desafios que temos que passar, melhor focar no legal mesmo, porque o resto é aprendizado, são os nossos obstáculos, são nossas próprias superações de saber realmente aonde nós queremos chegar e quem realmente nós queremos ser.

Hoje é engraçado falar sobre a acrobacia, porque a nova geração praticamente pegou tudo muito mastigado, os gliders no passado estavam ainda sendo uma experiência para todos. Tínhamos que escolher entre o glider que era bom para manobras de stall ou o que era bom para manobras dinâmicas.Um glider sozinho não fazia os dois ou era muito difícil, tipo muito nervoso.

Em uma trip encontrei o Pál Takats, ele era representante da U-turn e eu estava focada treinando o helicoptero, imaginem a cena ele chegou, bateu a mão no meu ombro e disse: Troque de parapente, porque este não vai te ajudar a aprender o helicoptero, é um parapente muito arisco, não é bom com stall.

Eu disse: Amigo, não posso trocar de parapente assim, não tenho dinheiro, vou ter que aprender com esse mesmo e vou conseguir.

Eu voava o G-Force, era excelente nas dinâmicas e eu amava, mas com stall, era um Deus nos acuda.

Treinei até sair o bendito, era a época que eu treinava dentro das termais, pra nem perder altura, treinei tanto a parachutagem, mais de um milhão de vezes.

Infelizmente a grana era muito contada, eu tinha que escolher em ir treinar, participar dos eventos ou comprar uma câmera. Não tinha como fazer os dois, e eu sempre escolhia ir, a câmera era sempre segundo plano.

Depois veio o Infinit, um grande divisor de águas. Eu cheguei a fazer tudo que tinha pra fazer naquela época, menos  o infinit. Todos me perguntam o porque, mas na realidade, treinar no Brasil era bem difícil, vou explicar:

Íamos para a represa, aprender novas manobras, não era porque era mais seguro, pois quem entende bem ou estuda um pouco sobre o assunto, sabe que cair na água forte, é como cair no chão, mas caso fosse necessário lançar o reserva, não teríamos carros, casas, fios...nenhum obstáculo, aterrissaríamos na água. Porém o reboque tem um limite de altura e o nosso com pequenas velas era praticamente 800m. Depois de aprender na represa, treinávamos na montanha, mas ai já era outra história, dava pra subia até 1500m que é uma grande diferença. Aquela coisa né gente, pensando sempre na deriva, onde vai fazer a manobra, se lançar o reserva, aonde estava a deriva do vento...não pe só chegar e ir fazendo, mas ninguém fala sobre isso.

O Infinit não tem muito segredo, na minha opinião não é a manobra mais linda, desculpem os amantes de infinit, mas pega um mist flip um mac twist e compare, é uma manobra plástica, técnicam o equipamento e o piloto tem que ter uma sintonia incrívelm já, o infinit só precisa de muita coragem para não desistir no meio do caminho, pois um deslize de arrependimento, já era, só de pensar por um segundo, não vou mais, já era.

Então, nessa época eu tentei tanto um patrocínio, mas infelizmente não consegui, esse patrocínio era para viajar para a Espanha, onde os pilotos treinavam bem alto. E nessa mesma época, muitos pilotos morreram tentando a nova manobra, muitos jovens e eu sinceramente, achei que não valeria a pena, já tinha investido tanto...

Hoje com a evolução dos equipamentos, com a geração nova que se envolve mais uns com os outros, com os shows que deixaram de ser competições cresceu muito a acrobacia, isso é maravilhoso, mas eu continuo com a minha opinião de não fazer nada baixo. As manobras que já existiam, passaram a ser feitas twistadas, não houve nada muito novo, mas sim uma elevação do risco, e eu continuo apaixonada pelo mac twist e quem fazia o mais lindo e perfeito de todos era o Renatinho.

E por fim, quando eu achava que não ia mais saltar de um helicóptero, me convidaram para saltar no campeonato de Palmas mesmo, foi tão incrível, muita emoção envolvida neste dia, saltar onde realmente tudo começou, um helicóptero todinho pra mim, foi lindo!

Muitos vídeos estão no youtube Marcinha Finelli, eu havia tirado tudo do ar, meu blog o youtube, passei por uma fase que queria desligar de tudo isso, mas é impossível, o amor é maior que podemos imaginar.

Bom este texto estava por aqui há algum tempom eu consegui finalmente finaliza-lo hoje. As histórias são muitas e eu as adoro demais, cada detalhe, e estou tentando retomar minhas escritas, para sim um dia publicar essas histórias lindas em um livro, ainda nem sei como começar, mas acho que esse já é um bom começo.

Divirtam-se!

Com amor, Marcinha , )( `

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