sábado, 4 de fevereiro de 2023

Você já perdeu algum amigo no voo livre?

 


Eu já perdi alguns amigos e confesso, é muito triste e gostaria de nunca mais perder ninguém por causa de erros bobos no voo livre, talvez por causa disso eu tente explicar, ensinar e passar minha experiência de alguma forma pra todos que se aproximam.

Desde que me conheço por Piloto de parapente, sei dos desafios de julho, agosto voar em Jaraguá GO, setembro voar em Minas Gerais outubro voar no nordeste...nós como pilotos inexperientes ou experientes, devemos sempre buscar saber o mínimo da força da natureza nas épocas do ano. Brasil como sabemos, tem voo o ano inteiro, mas tem regiões mais fortes e regiões mais brandas.

Escrevi esse texto no auge de setembro do ano passado 2022 e acabei não postando, porque não se falava em outra coisa, acaba virando uma coisa banal, mas resolvi postar agora. Quem acompanhou o voo neste ano de 2022, viu que foi um ano extremamente forte. Um ano que vimos vários tipos de colapsos, vários tipos de acidentes. Acidentes que poderiam ser evitados.

Então hoje resolvi postar já que estamos iniciando mais um ano e todos gostam de fazer novas promessas, novas metas, novas aventuras...leiam, reflitam e sigamos tentando diminuir as estatísticas no nosso esporte que é tão maravilhoso e fascinante.

Foram tantos treinos na Serra da Moeda, um dos lugares mais respeitados principalmente no mês de setembro, respeitado por pilotos inteligentes, claro.  O tempo seco, o minério, terra forte, térmicas violentas, bicudas e pequenas. Mas cada lugar tem sua época forte, assim como Palmas TO, são muitos dusts, as vezes voamos e olhamos tão distante, 3, 5 dusts, mais de 1000m de altura, monstros...mas, diferente de Minas, voamos em térmicas fortes que são salões enormes, característica local.

Nós sabemos onde pisamos e onde voamos, quando buscamos informações dos lugares. Só não sabemos quando será o fim disso tudo, sinceramente o que mais desejo é que meu fim não seja voando, isso sempre desejei e sempre tive a certeza em fazer minhas boas escolhas e decisões, porque se alguém algum dia falar: ¨Ela morreu feliz, porque morreu fazendo o que gosta¨...kkk pode ter certeza que vou vir debaixo da terra pra falar que você estava extremamente enganado, porque morrer voando é cometer um erro, e erros não nos perdoamos tão facilmente.

Quando acidentes acontecem as pessoas julgam, tentam de todas as formas explicar o que houve com muitas teorias falapentistas e blá blá blá, mas no final das contas o Piloto sempre vai além do limite, porque parapente não decola por vontade própria.

Em um dos grupos do qual participo, falaram sobre fechar rampas em dias extremamente fortes, tudo bem podem até fechar, mas a consciência talvez não vai chegar assim, muitos ficarão revoltados, aqueles principalmente que menos entendem sobre alguma coisa. Trabalhar com pessoas é tão complicado, ¨sempre¨ vai ter gente revoltada, sempre vai ter gente querendo mostrar que pouco importa, vão acabar decolando de outro lugar, correr mais risco e deixar o esporte mais irresponsável do que já tem sido nas épocas mais fortes.

O mais importante é não deixarmos para voar apenas naquela condição clássica, temos que estar sempre ativos.

Sabem esses pilotos que voam 200-300 km? Eles até voam muito, mas você já parou pra ver a decolagem? No geral não são boas não viu, me desculpem a sinceridade, jogam a culpa nos gliders alongados, mas sinceridade, isso é apenas habilidade, e tem muita decolagem ruim por ai com essas velinhas de ponta. Pilotos que voam 10-11h não treinam decolagens mais, para que, né verdade? Gastar o equipamento? Não, o negocio é fazer números.

Uma vez fiz uma exposição fotográfica sobre voo livre no Tocantins, e uma das fotos expostas, na minha opinião a mais marcante era Eu uma piloto experiente tirando fotografias, porque a condição estava o caos e o Piloto fotografado também muito experiente só observando a cena deitado em sua rede , em um momento de muito vento, enquanto vários alunos iniciantes estavam prontos para decolar e deixavam seus gliders se debatendo na rampa.

Se conselho fosse bom era vendido, não é esse o velho ditado?

Pois é, escrevemos, ensinamos, mas o que mais vemos por ai são caras de paisagem e nada de tentar evoluir com responsabilidade. Como escrevi no instagram, as pessoas se auto colocaram em um pedestal, aquele do que acham que sabem tudo.

Falamos muito sobre tecnologia e segurança, mas no fundo no fundo, todo mundo quer mesmo é voar com aquele equipamento de competição "homologado" mas não tem nem capacidade para decolar. Aquele que você fala que é como cortar manteiga com a faca, que avança, que  penetra bem, que voa rápido, aquele que todo mundo falava que era perigoso, mas quando você voou Não viu tanto perigo assim, porque ele era tão suave, tão maravilhoso, quase uma mãe comparado ao seu B hot que chacoalha mais que liquidificador. Pois é mas na hora de agir como mãe, ela te responde só com um tapa na cara e já era, pois você não pode mais fazer nada, porque você não pode bater na sua mãe.

O que você me diz, tá errado alguma coisa que eu escrevi ai em cima?

 


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