terça-feira, 26 de setembro de 2023

Lesões e voo livre

 

Lesões são bastante comuns no voo livre, desde uma torção no tornozelo à uma fratura vertebral grave.

Eu tive tantos professores nesse esporte, mas o primeiro deles me falou que a lesão mais comum de se ver em um piloto de parapente era a tendinite no supra-espinhoso ou bursite (ombros), isso lá em 2002. Por causa da nossa querida posição mágica, aquela com os braços a 90 graus com sustentação para cima, uma posição no início realmente cansativa, mas a adrenalina é tanta que nem sentimos, e as dores acabam sendo crônicas com o passar dos voos. Principalmente quando começamos a passar mais horas nos ares.

Outro professor só olhou pra mim e disse: Você está pronta para ver alguém morrer na sua frente? Isso foi um choque, mas sim é o que pode acontecer caso as pessoas não respeitem os limites e caso não estejamos preparados ou conscientes de que é um esporte que exige responsabilidade e se não estivermos preparados para isso, vamos ficar em choque e acabar acreditando que é um esporte bem perigoso, Mas lembrando: Quem faz o esse esporte se tornar perigoso é o próprio piloto.

Voltando as lesões. São duas coisas totalmente diferentes né? Mas isso não é uma realidade muito visual, então as vezes precisamos ver para crer, e isso não é nada bom, pois a autoconfiança de que nunca acontecerá conosco está sempre no subconsciente na maioria dos Pilotos.

Com certeza você que está lendo este texto, tem algum amigo que já sofreu alguma fratura no esporte, caso não tenha, é porque acabou de começar e ainda tem muito pra ver durante o trajeto. ATENÇÃO: não é um desejo, mas infelizmente uma realidade.

Após uma lesão, existem vários fatores a serem considerados antes do retorno ao esporte, o qual pode ser diferente para cada atleta dependendo da modalidade de esporte e do nível esportivo ao qual pretende-se retornar.

Devemos levar em conta uma recuperação e reabilitação satisfatórias.

A decisão de voltar à prática do esporte não deve ser tomada isoladamente, há o envolvimento médico, o fisioterapeuta, os familiares, os amigos, dependendo claro o nível de lesão que este atleta obteve. Mas neste momento o que afeta mesmo o piloto nessa decisão é a sensação de perda, porque alguns pilotos pensam que se decidirem parar, irão perder todos os amigos que voam, o que não é verdade se forem realmente amigos, mas com certeza uma decisão dessas acarreta em um afastamento ¨pessoal¨ e não realmente dos amigos, trazendo consigo uma possível depressão.

Uma vez liberados fisicamente, a maioria dos atletas não tem problemas para voltar à prática esportiva. Outros, no entanto, podem estar preparados fisicamente, mas não mentalmente, o que pode resultar em diminuição da confiança e consequente declínio no desempenho, estresse, ansiedade, medo de voltar e de sofrer lesões piores. Afetando diretamente o seu estado emocional. Deixando aflorar pensamentos negativos sobre o fracasso.

Esporte como o nosso, o deslumbrante voo livre afeta totalmente o mental, porque o vício pela adrenalina, a sensação de voar são muito elevado e insubstituíveis, mas a partir do momento que abrimos a porta para o medo e insegurança, tudo isso é colocado na balança para um possível não retorno, trazendo paralelo a frustração a tristeza e mais uma vez a sensação de fracasso.

Por isso sempre sou persistente em perguntar: 

O que você pretende no voo livre? 

Tanto a diversão dos finais de semana quanto o comprometimento para se tornar um campeão, irão exigir muito da: sua responsabilidade, irão exigir treinos, irão exigir desistências, irão exigir gastos com conhecimento, irão exigir paciência para evoluir com cuidado, irão exigir respeito, irão exigir escolhas e principalmente irão exigir tempo.

A responsabilidade sempre será sobrecarregada, entre o treino, a sabedoria e a prática, qual seria o limite para isso, qual seria o preço para realização de um sonho na hora incorreta?

O que determinará seu retorno para esporte será sua autodisciplina e seu prazer, mas isso não será fácil, você precisará de ajuda externa e interna e não tornar o retorno uma obrigação ou um sofrimento.

Hoje vim conversar com vocês como Fisioterapeuta, sobre recuperação física e emocional. 

É com certeza um leque este tema e nós vamos falar mais sobre isso.

O objetivo maior é vencer você e seu ego!

Preserve sempre seu sorriso para a próxima decolagem!

Com amor, Marcinha , )( `

 

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