Vocês querem saber como foi o recorde dessa vez em Axixá?
Vou tentar contar um pouco sobre.
O pelotão foi mais que perfeito:
Eu, Arthur, Cabeça (duplo), Carlão, Dadai, Major e Ney. Imaginem só um pelotão que já estava em sintonia à dias, todos voando juntos.
Foi muito bom esse voo, seguimos todos juntos até Araguatins, estava lindo demais todo mundo junto, alguns tiveram uma saída mais difícil, mas seguiram sempre a frente conosco, mesmo voando bem baixo.
Quando atravessamos do Estado do Tocantins para o Pará, acabamos nos dividindo e formando 3 pelotões, eu permaneci no Pelotão do Major e do Dadai, na realidade o voo estava a caminho de uma roubadaça e eu tinha que escolher seguir com algum pelotão que tinha o Spot ou poderia virar lenda e o Major era o que estava mais perto, caso contrário era virar lenda mesmo, fazendas enormes sem atividade nenhuma, sem nem ter como explicar onde estava, nenhum ponto de referência, nada, necasdipitibiriba. E isso no Parazão doido, terra sem lei.
Major e Dadai estavam o tempo todo tentando manter no asfalto, mas estava bem pesado o voo para continuar próximo a estrada e eu cada vez mais longe deles, eu estava tentando, mas a deriva estava muito forte jogando pra roubada mesmo, dava para avistar o Cabeça e o Arthur muito longe, mas muito longe mesmo, bem pra esquerda, dois pontinhos no meio do nada, e eu acabei indo pra rota do vento, não estava dando pra brigar mais, isso além de me atrasar estava deixando o voo muito difícil, iria acabar perdendo tudo e pousando e não era o que eu queria em hipótese nenhuma estava muito cedo e neste momento eu já começava a ficar baixo e nem conseguiria chegar mais no asfalto, optei por meter pra dentro da fazenda mesmo.
Confiei na condição que eu sabia que estava boa, acabou que os dois também desistiram de seguir pela estrada, estava inviável e nos embrenhamos pelas fazendas a dentro, fiquei até mais tranquila por não estar mais sozinha, mas eu estava decidida e já tinha até ido.
O Major passou foi baixo nesse voo e eu acima dele rezando pra ele não pousar porque caso contrário na roubada que estávamos eu também iria ter que pousar junto com ele kkkkk
Acho que fui segurando o Major lá de cima mesmo...teve uma hora que pensei: "agora ele ligou o motor escondido" Não era possível, a altura que ele estava, rendeu pra caramba, eu de olho nele o tempo todo com medo de ter que pousar. Teve uma hora que ele resolveu passar uma "mata atlântica" e ele passou inteirinha muito baixo, praticamente rastejando...rsrsrs e num é que consegui?. Mata atlântica é zoeira hein gente, pelamordedeus kkkkkk estávamos no cerradão brabo, mas neste ponto, não existia pouso, tinham muitas árvores sem brecha nenhuma pra pouso, mas árvores de cerrado que são baixas.
Chegamos aos 104kms mais ou menos os três juntos, eu já estava eufórica. Major chegou no asfalto e pousou na tábua da beirada, no final do último suspiro da travessia da mata, foi aquele UFA...ele chegou bem, ai estávamos eu e Dadai ainda no jogo. Dadai super alto e eu já olhando pouso ou procurando termal. Ainda eram 16h e estava bem baixo.
Major me passa o rádio pro Dadai, vem Dadai, bora ali beber alguma coisa, eu pensei com meus botões: "Vou nadar nadar e morrer na praia?"
Dadai logo falou que já estava descendo.
Eu continuei, vi uma coluna urubus do outro lado do asfalto, o vento estava apertado, não daria pra voltar, era decisão única. ir e fazer de tudo pra ganhar porque embaixo só nelore, pensa que maravilha eu pousar com esses bichinhos, e pior não eram poucos não...kkkk só pensava na selete que demoro pra desconectar, não dá nem pra sair correndo.
Na minha reta e na reta da termal tinha uma estrada de terra retinha, perfeita pra bater o recorde.
Ai o Major passa no rádio: Marcinha...você vai continuar nessa roubada mesmo??? Estamos indo pra cidade, pega uma carona e volta ok?
Ai o bicho pegou, eu no Parazão sozinha, mas pensei, vou nessa, hoje bato esse recorde.
Ai o bicho pegou, eu no Parazão sozinha, mas pensei, vou nessa, hoje bato esse recorde.
E danaram a falar no rádio, até que falei: tá bom, tá bom, já estou indo pra pouso... fala sério que eu ia morrer na praia, tá doido? Além do pouso estar entupido de nelore porque eu já tinha derivado pra fazenda e como falei não teria volta, fiquei enrolando na termalzinha que estava e fui subindo subindo subindo, bem devagarinho. Quando dei por mim, já estava alto e só falei no rádio...tô seguindo, nos vemos daqui a pouco.
Ai eles tocaram pra cidade com o resgate e eu fiquei de arrumar uma carona por lá, o que me freiou de ir mais distante, o medo de pousar no Pará.
Foi a última tirada, estava com medo da roubada, estava com medo de escurecer e ficar sozinha, tantas histórias do Pará, que decidi só bater a meta nesse planeio final, mas dava pra ter ido uns bons 10km a mais.
Pousei em uma fazendinha que já estava até vendo um jovem mexendo com as vacas, vocês acreditam que pousei bem atrás dele e ele não viu nada? Enquanto eu dobrava o equipo correndo, ele entrou pra casa da fazenda, meu Deus que medo, eu tinha que passar umas vacas enormes kkkk.
Quando cheguei perto da casa foi o maior medo de ter cachorro, e tinha, mas graças a Deus estava preso.
Bati e bati palmas e ninguém escutava nada, todos no fundo da casa rindo e falando alto, até que de repente aparece uma criança e fala: Mãe, tem gente aqui.
Salva, graças a Deus. O rádio já não funcionava mais, ai pedi pra me ajudarem, se seria possível eu usar o telefone deles ou se eles poderiam me levar até a cidade que eu pagaria a gasolina.
Gente, sentei, comi bolo de chocolate, tomei refrigerante, eles se arrumaram a família toda e iam me levar na cidade na maior boa vontade do mundo. Fomos batendo o maior papo, super legal, no meio do caminho o rádio da sinal de vida e era o Bruno atrás de mim. Acabamos nos encontrando e a família ficou bem triste de terminar o passeio por ali, acho que era uma desculpa pra eles irem até a cidade.
E eu gritando de alegria com o meu novo recorde já junto com o Bruno indo sentido a São Domingos do Araguaia, e foi lá que fui recebida por todos, que alegriiiiiaaaa.
Estávamos todos loucos pelos 3 dígitos, pois a condição não estava redonda ainda, foram dias cansativos que não rendiam muitos kms.
Mas neste dia foi incrível, todo mundo chegou aos 3 dígitos, juntos voamos longe e foi maravilhoso.
Fiquei mais dois dias em Axixá e segui viagem para o Acroland com o Louzada, ai depois que pegamos a estrada, vou falar uma coisa pra vocês, a condição ficou perfeita e bateram o recorde Tocantinense, foi lindo.
Eu fico com o feminino, e convido a todas as feras do voo livre, virem compartilhar experiências aqui no Tocantins, será magnífico aumentarmos esses kms feminino.
Fiquei mais dois dias em Axixá e segui viagem para o Acroland com o Louzada, ai depois que pegamos a estrada, vou falar uma coisa pra vocês, a condição ficou perfeita e bateram o recorde Tocantinense, foi lindo.
Eu fico com o feminino, e convido a todas as feras do voo livre, virem compartilhar experiências aqui no Tocantins, será magnífico aumentarmos esses kms feminino.
A felicidade em atravessar o Rio Araguaia, rumo ao recorde. |
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