terça-feira, 19 de setembro de 2023

LittleCloud Paragliders e minha história!

Amigos Alados, vamos falar um pouquinho sobre LC e minhas experiências desde que iniciei!?
 
Entrei para esta família em 2018. O slogan é Família Feliz e não poderia ser diferente, parece que só entra nesta família quem realmente é para entrar, uma seleção completamente natural, pois são pessoas muito especiais, felizes, acolhedoras, com uma filosofia de vida muito parecida com a que escolhi, para realmente aproveitar ao máximo cada voo.
Mas vamos lá, outro dia conversamos sobre esses pilotos maravilhosos, hoje vamos falar sobre os gliders que tive a oportunidade de experimentar.
Tenho muito pra contar sobre esses equipamentos que a cada dia tem me proporcionando mais segurança e muitas conquistas.
Quando as pessoas me perguntam sobre as velas da LC elas param e escutam tudo que tenho para dizer, mas depois respondem: 
" Pra você é muito fácil voar uma vela A, B, C ou D, você é Piloto de acro". 
 
Seres Humanos, adoram fazer suposições - ERRADAS de fato. 
 
Bom, eu respondo pra vocês que pensam desta forma, é lógico que com toda minha bagagem, não escolheria um glider perigoso ou um glider que não me desse bons resultados nessa fase da vida que realmente sei classificar as coisas para ser confortável e evolutivo sempre, pois naturalmente um piloto de parapente adora evolução e não sou diferente, nós adoramos nossas conquistas pessoais.
  
Meu primeiro Glider - Gyps EN D 
 
Comecei com o Gyps EN D, estava com muito medo de voar de cara um D sem ter conhecimento nenhum sobre a marca, mas quem me apresentou para a LC Falou: pode comprar de olhos fechados que você irá se surpreender é muito segura e muito boa para voar, e eu tive muita confiança neste piloto porque é muito técnico então eu comprei e realmente adorei.
 
Foi uma compra bem evolutiva e certeira na minha vida de cross country. Comecei os voos com muito cuidado, sempre respeitando ser um glider D, mas na realidade meus voos de cross deram um salto surpreendente, estava nítido, pois tive alteração em muitas coisas, como a penetração contra vento, a velocidade a forma de enroscar, era tudo muito diferente e confortável. Lembrando que eu estava voando a um ano um glider b-hot e não estava muito feliz, eu finalizava os voos de 3 horas muito cansada como se estivesse voando meu acro glider.
 
Meu teste com o Gyps foi em Alfredo Chaves, mas em abril fui para a Copa Cia do Vento que acontecia em Jaraguá Go, conhecedora do cerrado em abril seria uma época perfeita para testar o cross country com segurança e realmente ver o rendimento com essa nova aeronave e foi espetacular, deu até podium com grandes feras e grandes máquinas. Categoria performance.
 
Foram três dias de prova e ai estão meus resultados que me deram o terceiro lugar no podium, fiquei feliz demais. Infelizmente no ultimo dia não fui adiante com meu voo, estava até bem, mas tínhamos 3 linhas gigantes de cbs e eu decidi pousar enquanto os outros decidiram seguir (preso demasiadamente minha segurança). No terceiro dia, estava muito engraçado, como eu estava bem colocada, imagina uma galera de vagão, mas neste dia eu desconcentrei e acabei pregando😂😂, foi muito engraçado mesmo, pois uma galera pregou junto comigo.
 



 
Depois de um ano voando muito com o Gyps e vamos ter essa retrospectiva também de 2018, que foi um ano ímpar na minha vida, a LittleCloud estava lançando o novo glider B-hot e o Tom perguntou se eu poderia voar este glider, já estava entrando para os testes de qualidade do material, desempenho, experiência e pareceres pessoais. Topei na hora, estava morando no Chile nessa época e foi lá que recebi o glider, mas por lá não fiquei muito tempo, pois eu já estava contando os segundos para pegar a condição clássica do cerrado e o Tom também queria saber sobre o desempenho.
Voltei a tempo, mas claro fiz pequenos voos no Chile, onde realmente começaram meus hike and flys.
 
Então 2019 já estava voando com o Gracchio 1 B-Hot. Bati muitos recordes pessoais, fiz um grande voo em Axixá de 157km, estava com a mão no glider, mas Tom estava achando um pouco arisco e queria alterar o projeto de B-hot, para B e eu fiquei no aguardo, sim o gracchio 1 era um pouquinho exigente para quem queria fazer uma transição A-B. 
 
O Gracchio se transformou em um B tão fabuloso, também tive a oportunidade de conhecer e voar em Quixadá em em 2021 quando ele alterou o projeto e conseguiu chegar até minhas mãos, mas ai vamos sair um pouco da ordem cronológica, teve uma grande diferença de arisco para uma paz avassaladora que não desce nunca, só flutua, super admirável esse projeto para quem quer realmente evoluir com respeito. E foi lá em Quixadá que voei essa máquina linda, lembrando que todos os voos que faço em Quixadá, já são em novembro, uma época que não é tão agressiva para nós pilotos normais, mas ainda sim exige cuidados e temos um bom cross country com termais grandes e fortes, mas com ventos normais😉.
 
Tom já estava satisfeito com os resultados do novo Gracchio mk2, conseguiu chegar exatamente onde ele queria, então não demorei muito voando este glider, mas voltando no final de 2019 chegou meu lindo Urubu 22 classificado EN C.
 
Iríamos fazer vários testes incluindo eu muito leve e ele muito pesado, para ver a resposta voando juntos, gente, era incrível o resultado os dois respondiam muito bem, você consegue imaginar esta perfeição, os dois voando em harmonia.
 
Então 2020 passei voando o Urubu 22, como  Palmas o vento é muito forte na temporada, eu tinha que colocar lastro, meu tamanho normal é o 21, mas sabe, foi a melhor época, pois eu ia para o cross country com a cervejinha na selete pros amigos que pousassem comigo 😁😂😂😂 sendo que nem precisava de tanto lastro, e eu nem gosto, colocava uns meros 6kg e o glider respondia muito bem, voava em uma velocidade maravilhosa.
 
Junto com 2020 veio a pandemia, mas eu não parei de voar, o cuidado era 100%, mas ai sim começaram meus hike and flys em casa. Voei muito em 2020, meu Deus, era praticamente todos os dias. Pousava na praia, pousava em outra cidade, grandes voos pequenos voos, era todo dia.
Esse sorrisão ai todo dia!

 
Então o urubu foi incrível na minha vida. Um glider muito fácil de pilotar, claro na classificação recomendada, não desce, ele simplesmente flutua, tem um planeio espetacular, velocidade incrível, tanto a favor do vento quanto contra vento, geralmente eu voava contra vento a 14/-15/h, com Urubu voo 20-22/H, é incrível, mesmo estando leve e sem acelerar, já testei com lastro e sem lastro e o desempenho é fantástico.
É um glider super leve, nas térmicas, parece que elas nos sugam, sim parece que o glider é sugado para o miolo da térmica, uma perfeição.
Trabalha muito bem, é pilotável, não apresenta Pit, e é muito seguro, as curvas podem ser abertas ou bem fechadas dependendo o tamanho da termal e como você gosta de enroscar, tem hora que eu adoro apertar bem o giro e não é daqueles gliders que dá aquela estoladinha quando aperta a mão nas térmicas, ele responde muito bem e rápido na curva.
Voando com amigos, recebi vários elogios, porque o desempenho dela é incrível, o designer é diferenciado, as cores são lindas. Realmente Tom, você estava muito inspirado quando fez este projeto. 
 
 
E até que chegou meu Urubu 21, ai sim estava no céu, voando uma máquina para meu peso, sem ter que levar nada, o equipamento começou a ficar excelente para o hike and fly.
 
Nesse ano os voos em Palmas não estavam dos melhores, Palmas é um lugar muito técnico, precisamos de uma base alta que não temos tão cedo, então sempre decolamos mais tarde, mas essa base alta é para atravessar um lago de 8km. Decola-se da serra, voo 14km para atravessar a cidade, depois 8km para atravessar o lago e pegamos uma sombra azul do lago sempre do outro lado, é onde muitos pilotos acabam ficando, pois tornam-se muitos kms voando só no planeio, então é necessário ou muita altura ou uma máquina boa, esse não era um problema para meu equipamento, mas o problema realmente era o tempo, como tiínhamos que decolar tarde, o voo nunca passava dos 100-130kmm pois já vinha o por do sol.
 
Foram vários voos de 100km, infelizmente voamos em uma área restrita, então não publiquei muito esses voos, a história é bem longa, enfim, cansada de morrer na praia, porque a condição não estava ajudando, já estava decidida a ir para Mateus Leme bater meu recorde pessoal.  Peguei um busão e só fui, sempre totalmente focada e foi maravilhoso, foram 172km voados, a maior parte sozinha. Nesse dia eu sentia um conforto com meu glider absurdo, pois eu o conhecia como a palma da minha mão.
 
A Urubu veio como uma luva que se encaixou perfeitamente. Esse voo abaixo foi lindo, escrevi sobre esse recorde, pois não foi tão fácil, por causa da viagem de ônibus, o cansaço, um lugar novo...entram uma séria de coisas que as pessoas esquecem as vezes. Vale a pena ler esse relato.
 

 
 
Na praia voei muito com o Spiruline 14 e 16.
Tenho um prototipo especial 13, rápida como uma acro, deliciosa, minha favorita, um pouco nervosinha para quem não tem habilidade, mas essa não vai para mercado, é realmente especial.
 
Justamente por ser uma Piloto muito experiente, eu escolhi permanecer com a Little Cloud, por causa da segurança, fazer meus voos sempre serem divertidos e com os resultados que eu tanto amo. 
 
E quando eu penso que já estou voando o melhor e que seria impossível ficar ainda melhor...ai vem o Urubu King.  Jesus, como é possível melhorar um projeto que já é perfeito?
Ainda não tive a oportunidade de um longo voo com o Urubu King, pois na melhor época de cerrado, estamos aqui na França trabalhando em novos projetos, testando novas possibilidades, mas a condição por aqui ainda é meio casca grossa e onde eu moro os voos são mais triangulação, devido ao relevo mesmo, meu recorde ainda é com o Urubu, mas este ano a temporada promete e eu vou tentar aumentar meus kms com meu amado king. 
 
Hoje escrevendo para vocês, já temos muita novidade. Lançamento do SuperFly.
Desde o ano passado estamos testando esse glider, na realidade ele nasceu para os voos na Bahia de hike and fly. Vocês terão a oportunidade de ler tudo sobre ele em breve no site, só sei que estamos nos divertindo muito com esse pequeno glider que entra na categoria entre um de perfomance e um miniwing e é simplesmente perfeito.
 
 
Eu gosto de voar e apreciar, 
Eu gosto de Pilotar, 
Eu não não gosto de me assustar, 
Eu gosto de bons rendimentos, 
Eu gosto de ver uma térmica bem distante e poder acelerar sem medo porque sei que o equipamento é seguro e saber que vou chegar na térmica porque tem bom desempenho, 
Eu gosto de fotografar, filmar, para isso, não posso voar com medo, tensa, preocupada. 
Por isso escolho de olhos fechados a LittleCloud, sou muito grata por fazer parte desta família. 
 
PS: Este foi apenas um pequeno resumo de uma jornada linda que comecei com a LC.
Espero que você tenha gostado, aqui não se trata de vendas, mas sim de prazer e segurança. 
 



domingo, 2 de julho de 2023

Acrobacia é lindimais!

 Já escrevi tanto sobre acrobacia, foram 10 lindos anos aprendendo e desfrutando do mundo girando.

Adoro conversar sobre isso, posso ficar horas aqui escrevendo que tenho muitas boas lembranças. As gerações foram mudando e mudando, sei lá quantas gerações já se passaram depois que parei de fazer acrobacia, mas sabe o que nunca muda? A história.

Um dia um jovem perguntou: Mas quem essa menina pensa que é, nunca vi fazendo nada...rs 

E eu respondo: Nem vai ver coitado, pois não faço por exibição é por amor, não é pra ser famosa, é para aprender.

Me lembro quando treinava na Serra da Moeda, a rampa parava, o povo falava: Vamos ver, a Marcinha vai decolar, e gritavam...e Marcinha, manda um sat pra nós...

Boas lembranças.

Vou colocar algumas fotos que já compartilhei diversas vezes no insta, no face ou aqui, são fotos muito marcantes, especiais demais, mas desta vez, vou contar um pouquinho sobre cada uma, talvez separadamente, porque são histórias incríveis.

BrasilAcro Guapé 2006

 Essa foto tem uma bagagem muito especial, eu vi um anúncio de um campeonato de acro, logo depois de ver um vídeo de Mike Kung fazendo um loopingm que eu não tinha nem ideia que o parapente fazia aquilo. Nessa hora eu pensei: Meu Deus minha familia está certa, esse esporte é muito perigoso, preciso aprender mais e se algum dia o parapente virar desse jeito comigo, como vou sair?

Então aqui começa toda a minha história com a acrobacia, mas essa conto outro dia, hoje vamos falar de etapas marcantes.

Nosso primeiro BrasilAcro 2006, um sonho realizado por Alexis Rabello, um rapaz que fez história no Brasil talvez você nem saiba quem ele foi, mas ele fez muito pela acrobacia e pelo parapente, teve o maior SIV da história até hoje. 

Me ajudou muitíssimo, meu primeiro patrocinador. 

No meu primeiro siv com ele, já me convidou pra equipe, viu potencial, coração bom demais, esse faz muita falta entre nós, imagino as maravilhas que ele estaria fazendo se o Brasilacro tivesse continuado, porque era amor demais pelo esporte, não era por dinheiro, porque ganhar dinheiro com competições...convenhamos, isso não existe. 

Nesta época já estava morando em BH para facilitar os treinos, mas, dividia meu tempo com o trabalho, então os treinos eram sempre sábado e domingo quando ia pra represa treinar com a Piloto Safo. Pegava o busão sexta a noite, viajava a noite toda pra sampa, lá o Alexis me buscava na rodoviária e me deixava domingo a noite, pois segunda era no batente, Foram meses assim.Ele me apoiava com os treinos que eram muito importantes.

BrasilAcro Joanópolis 2007

Essa foto acima já foi em 2007, segundo BrasilAcro, realizado na represa de Joanópolis. Grandes feras juntas, foi um grande espetáculo. Nesta competição resolvi mudar de glider o que me fez mudar também de categoria e sai da junior para a Master porque era um glider de acrobacia não homologado. 

Eu já estava decidida a me tornar uma acrobata profissional, não fazia sentido eu ficar voando outro tipo de glider.

A vontade era de ver mais de perto os melhores do mundo e você tem ideia? Eu estava lá, nem acreditava, era surreal estar na margem para decolar com os melhores do mundo. Teve uma manga (manga era como uma bateria de apresentação para os jurados) da competição que estávamos na margem Eu, os Renatos (Curreca e Renatinho meus ídolos do Brasil) Raul Rodriguez, Félix Rodriguez, Horácio, Pitocco, Fabio Fava.., éramos os melhores do mundo, dá pra imaginar? Me incluo com certeza, pois nessa época não tinham muitas mulheres na acrobacia e pra mim não fazia sentido nenhum participar da junior já que não tinham muitas mulheres.

Mas isso me deu uma grande dor de cabeça no início, pois o Alexis escutou os conselhos de uma representante de um glider X e veio conversar comigo, disse que eu teria que ir pra junior para ganhar, mas eu não estava lá para isso, eu estava lá para ver os bons e aprender e ele sabia disso, pois como meu patrocinador eu sempre fui bem claro com meus objetivos, enfim ele queria que eu usasse um parapente grande tipo acima de 23m, e eu já estava treinando com um 19m, eu fiquei muito frustrada e disse que não iria fazer isso, pois nunca representei marcas, porque as marcas nunca me ajudaram muito, mas com certeza seria podium pra tal marca X que já estava de olho grande nas vendas e não no apoio ao atleta. E eu disse não, ai ele me colocou de castigo, disse que era pra eu pensar um pouco. Neste período o Felix Rodrigues estava ministrando Sivs com ele, e perguntou pra mim: Porque você está sentada e não vai rebocar? Eu fiquei praticamente um dia sem reboque, só ajudando os outros e no Siv, Ai expliquei a situação, queriam trocar minha vela e eu não concordava e o Félix era representando da marca X, olha o olhar de um profissional. Ele foi até o Alexis, conversou meia duzia de palavras olhando pra mim e não foram 2 segundos, Alexis caminhou na minha direção e falou: Tá bom, sua vez, pega seu equipamentom. Nem sei o que o Félix disse, mas deu certo. Eu dei aquele pulo de alegria e claro corri pro reboque. 😁

Foi muito aprendizado, mas não pensem que saiam ensinando tudo não, informação nessa época era ouro e pontos...kkkk Competição que chama né?

Acrobatic Vitória ES 2007 Eu e Renatinho

 

Acrobatic, evento liiiindo, uma apresentação na praia de Vitória ES, organizado por Frank Brown, foi muito lindo, reboques feitos no mar. Quando recebi um e-mail do Frank Brown me convidando, eu fiquei em choque, ainda não acreditava que eu estava realmente entre eles, abri o e-mail e me lembro como se fosse hoje, liguei para o Alexis para contar a novidade. Um evento organizado por Frank, meu Deus o ídolo nacional e eu uma convidada, foi como um sonho. 

Os eventos do ES são sempre muito diferenciados, são muito bem elaborados, o Frank em especial, fez um excelente trabalho divulgando seu estado maravilhoso, mostrando para o mundo o potencial do ES.

Foi uma apresentação linda na praia de Vitória.

Na próxima foto foi um evento tão incrível, eram dois finais de semana de competição, um em Linhares e um em Marobá ES. Mas pessoal, não pensem que é fácil organizar um evento de acro, acompanhei esses processos e é bem complicadinho, quem organiza tem que estar realmente muito disposto.
 

Linhares Acro - Linhares ES 2010

Foto acima de 2010, evento maravilhoso realizado em Linhares ES, mais uma excelente competição, essa foi extraordinária, muito risada, mais aprendizado, todo mundo crescendo junto, lindo, e eu lá, sempre aprendendo.

Marobá Acro - Marobá ES 2010

Ai veio Marobá ES, mesmo campeonato, dividido em duas etapas, neste já rolou um estresse, pois fiquei em quinta geral e tinha prêmio, um prêmio que não levei pra casa, eram alguns reais e um troféu, mas alegaram estar dividido entre homens e mulheres kkkkkk eu ri muito nessa hora, só pedi pra me mostrarem as regras da competição, no final das contas não levei o dinheiro, porque este já haviam dado pro rapaz, mas levei um troféu escrito Masculino...por mim não tinham que dividir nada de masculino feminino, voar é técnica e não peso, força, nunca aceitei isso, talvez por isso muitas mulheres não gostam muito de algumas coisas que eu falo. 

O tempo passou e entrei pra equipe U-Turn. Olha essa família linda abaixo, mais um evento incrível que fiz parte. Esse foi o mais engraçado, porque era obrigatório ter seguro, mas o bendito seguro não cobria  parapentes não homologados kkkkkk.



Encontro incrível da U-Turn 2011, que mega e lindo encontro, invadimos literalmente Grarujá SP. Foi demais estar com essa galera, tivemos alguns imprevistos no evento, mas no final das contas o encontro gerou muitos contatos e foi incrível. Já não era mais competição, eram apresentações, assim a acrobacia começou a ter uma nova fase no Brasil, uma nova história, para ser mais apreciada por todos, afinal, no geral, acrobatas eram sempre os loucos, mas na real, somos sempre os mais responsáveis, posso dizer de coração aberto, sempre tivemos que mostrar responsabilidade, pois taxados como loucos, nunca podíamos errar.

Anchieta ES 2011

E com apresentações, nada melhor que saltos de helicóptero. Um espetáculos, Anchieta ES. Que coisa mais linda, que experiência única e maravilhosa. Éramos parapentes, wingsuit e PQDs. Só alegria. Um helicóptero e muitos saltos. Infelizmente nosso querido amigo Ratão o piloto do helicóptero que topava tudo e voava muito bem, sofreu um acidente com sua esposa anos depois, muito triste. Por isso precisamos aproveitar ao máximo tudo e todos ao nosso redor.

Mas o tempo passa, as pessoas mudam, crescemos e coisas que achámos importantes, pessoas que respeitávamos se transformam. A ambição trás junto com ela muitas decepções. Em 2012 convidada para uma apresentação em Jaraguá, foi onde decidi parar, foi minha cartada final com muito orgulho, voei muito pois fazer acrobacia no cerrado com térmicas fortes, nunca foi pra qualquer um, mas era pra mim era minha casa e eu amava isso. Fiz tudo pra quem estava na rampa deslumbrar, foi tão maravilhoso. Mas nem sempre tudo é tão fácil, me convidaram para fazer um rollower de um balão que estava por lá, ai o baloeiro topou e tal, quando foram me apresentar para ele foi bem assim: Mas é uma mulher quem vai saltar? A não...E o cara deu um passo atrás. A história não se resume a isso, mas no final das contas eu disse muito obrigada, não confio em saltar com você e nem preciso kkkk.

Sim gente, tem tanta coisa que acontece por trás, não dá pra ficar focando em tristezas e desafios que temos que passar, melhor focar no legal mesmo, porque o resto é aprendizado, são os nossos obstáculos, são nossas próprias superações de saber realmente aonde nós queremos chegar e quem realmente nós queremos ser.

Hoje é engraçado falar sobre a acrobacia, porque a nova geração praticamente pegou tudo muito mastigado, os gliders no passado estavam ainda sendo uma experiência para todos. Tínhamos que escolher entre o glider que era bom para manobras de stall ou o que era bom para manobras dinâmicas.Um glider sozinho não fazia os dois ou era muito difícil, tipo muito nervoso.

Em uma trip encontrei o Pál Takats, ele era representante da U-turn e eu estava focada treinando o helicoptero, imaginem a cena ele chegou, bateu a mão no meu ombro e disse: Troque de parapente, porque este não vai te ajudar a aprender o helicoptero, é um parapente muito arisco, não é bom com stall.

Eu disse: Amigo, não posso trocar de parapente assim, não tenho dinheiro, vou ter que aprender com esse mesmo e vou conseguir.

Eu voava o G-Force, era excelente nas dinâmicas e eu amava, mas com stall, era um Deus nos acuda.

Treinei até sair o bendito, era a época que eu treinava dentro das termais, pra nem perder altura, treinei tanto a parachutagem, mais de um milhão de vezes.

Infelizmente a grana era muito contada, eu tinha que escolher em ir treinar, participar dos eventos ou comprar uma câmera. Não tinha como fazer os dois, e eu sempre escolhia ir, a câmera era sempre segundo plano.

Depois veio o Infinit, um grande divisor de águas. Eu cheguei a fazer tudo que tinha pra fazer naquela época, menos  o infinit. Todos me perguntam o porque, mas na realidade, treinar no Brasil era bem difícil, vou explicar:

Íamos para a represa, aprender novas manobras, não era porque era mais seguro, pois quem entende bem ou estuda um pouco sobre o assunto, sabe que cair na água forte, é como cair no chão, mas caso fosse necessário lançar o reserva, não teríamos carros, casas, fios...nenhum obstáculo, aterrissaríamos na água. Porém o reboque tem um limite de altura e o nosso com pequenas velas era praticamente 800m. Depois de aprender na represa, treinávamos na montanha, mas ai já era outra história, dava pra subia até 1500m que é uma grande diferença. Aquela coisa né gente, pensando sempre na deriva, onde vai fazer a manobra, se lançar o reserva, aonde estava a deriva do vento...não pe só chegar e ir fazendo, mas ninguém fala sobre isso.

O Infinit não tem muito segredo, na minha opinião não é a manobra mais linda, desculpem os amantes de infinit, mas pega um mist flip um mac twist e compare, é uma manobra plástica, técnicam o equipamento e o piloto tem que ter uma sintonia incrívelm já, o infinit só precisa de muita coragem para não desistir no meio do caminho, pois um deslize de arrependimento, já era, só de pensar por um segundo, não vou mais, já era.

Então, nessa época eu tentei tanto um patrocínio, mas infelizmente não consegui, esse patrocínio era para viajar para a Espanha, onde os pilotos treinavam bem alto. E nessa mesma época, muitos pilotos morreram tentando a nova manobra, muitos jovens e eu sinceramente, achei que não valeria a pena, já tinha investido tanto...

Hoje com a evolução dos equipamentos, com a geração nova que se envolve mais uns com os outros, com os shows que deixaram de ser competições cresceu muito a acrobacia, isso é maravilhoso, mas eu continuo com a minha opinião de não fazer nada baixo. As manobras que já existiam, passaram a ser feitas twistadas, não houve nada muito novo, mas sim uma elevação do risco, e eu continuo apaixonada pelo mac twist e quem fazia o mais lindo e perfeito de todos era o Renatinho.

E por fim, quando eu achava que não ia mais saltar de um helicóptero, me convidaram para saltar no campeonato de Palmas mesmo, foi tão incrível, muita emoção envolvida neste dia, saltar onde realmente tudo começou, um helicóptero todinho pra mim, foi lindo!

Muitos vídeos estão no youtube Marcinha Finelli, eu havia tirado tudo do ar, meu blog o youtube, passei por uma fase que queria desligar de tudo isso, mas é impossível, o amor é maior que podemos imaginar.

Bom este texto estava por aqui há algum tempom eu consegui finalmente finaliza-lo hoje. As histórias são muitas e eu as adoro demais, cada detalhe, e estou tentando retomar minhas escritas, para sim um dia publicar essas histórias lindas em um livro, ainda nem sei como começar, mas acho que esse já é um bom começo.

Divirtam-se!

Com amor, Marcinha , )( `

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Quixadá CE Sertão amado

Quando falamos no sertão logo pensamos em uma condição forte e voos longos.

É verdade, é justamente isso. O respeito é fundamental para voar no sertão, mas mais do que respeito sabedoria e conhecimento.

Os pilotos sempre vão atrás de grandes recordes e esquecem que é preciso saber voar em condições extremas. Mesmo essas que auxiliam os pilotos.

Vou contar uma historinha que passei no cerrado e vocês vão captar a mensagem sem se ofender.

Uma vez em Jaraguá GO passei uma situação impressionante, que também é um lugar extremamente forte, dizem ser a escola para o sertão, mas confesso que as vezes acho até mais perigoso.

Um dia muito turbulento e muito forte, cheinho de dusts, eu estava lá, prontinha para realizar um sonho e meu sonho em Jaraguá era chegar em Goiás Velho, cidade linda e cheia de atrativos turístico, bem rústica, então o foco era fazer os 100km. Porque é praticamente a conta exata.

Neste dia a condição estava tão forte que logo ali atrás da rampa com mais três pilotos chacoalhando a beça eu já pensava em pousar, não tinha nem 10km de voo e nem chance de pousar, um horário crítico para esta escolha, então neste momento tentei ficar o mais alto possível, mas estava realmente muito difícil, as térmicas estava muito turbulentas, bicudas e pequenas.

Decolamos naquela hora que não é para se quer pensar em pousar, no horário mais quente, seria muito perigoso pousar, não deixei de tentar porque o voo também estava perigoso. Cada hora que ia pro pouso uma térmica forte, e sabemos que com essas coisas não brigamos, apenas esperamos a hora certeiram olhando cadê aquela sombra gigante pra esfriar tudo ou pra dar um gatilho maior ainda kkk.

No meio dessas tentativas de pouso seguro avistei dois pivôs enormes e um deles sombreado, pensei: vai ser agora, peguei a descendente e fui pro pouso, já com os pés do lado de fora da carenagem, vendo o tratorista sorrir pra mim, bummmmmm eu estava a 58m do chão aproximadamente e uma térmica muito forte veio e não me deu tempo de acabar de chegar, não tive alternativa, acabei subindo novamente para minha própria segurança, pois forçar pouso nessa situação, geralmente é onde a M... acontece. Na hora que comecei a subir ainda gritei um tchau pro tratorista... este que não deve ter entendido nada mesmo rs. 

Voltamos pro jogo e confesso não é tão confortável quando queremos realmente colocar os pés no chão.


No final das contas eu realmente consegui pousar com segurança, no km 65 e com um vento muito forte. Esse dia entendi o que é voar no sertão, você decola, pega a condição e vai embora, ela mesmo te repele do chão, a condição ajuda e muito aos pilotos não experientes nestes casos. E o piloto acaba acreditando que voa muito bem e que está preparado para esse tipo de voo. Um placebo.

Mas ano após ano, vejo tantos pilotos que não conseguem fazer 100km na própria casa e vão pro sertão e logo fazem os 300km, neste momento ele pensa que é o melhor piloto do mundo, mas convenhamos, isso não é verdade e pior ainda, ele sabe disso, mas se engana afogado ao ego. Não passa nem perto de ser o melhor e ainda se coloca em um grande risco.

Sertão: As térmicas são fortes, mas são gigantes, a base é alta e um dos poucos obstáculos no pouso é a jurema, o pouso de ré, e um grande dust, claro se você souber o que está fazendo, pois muitos pilotos perdem a condição e pousam na hora errada.

Alguns arriscam tanto que vão no limite do limite e acabam na bendita jurema, cheinha de espinhos, apenas para fazer mais alguns metrinhos...o que você acha dessa ambição? Chegam a rasgar equipamentos para alcançar uma marca melhor. 

E o que ganham com isso? Medo, ganham muito medo, esse tipo de conquista não tem como trazer uma experiência boa, mas uma memória de medo pela falta de conhecimento que fica amarrada no seu subconsciente e você nunca entende no futuro qual é o seu problema ou o seu trauma, porque é difícil chegar nele, porque  lembrança não vem do pavor que passou em uma situação de risco, na realidade a lembrança vem da conquista, o resto se deleta.

Decolar no sertão, é aquele tipo de decisão que é decolar para voar horas e horas e horas, se manter no ar. Ai vem o bom piloto, condição física, condição mental, foco, concentração, conquistas e experiência. Este sim está realmente preparado para tudo a qualquer momento.

Mas quando o piloto não entende nada da condição , está voando todos os dias porque só tem 5 dias no sertão e tem que aproveitar ao máximo, sempre pousa cedo, vai ficando cansado, o resgate não é fácil, o sertão é quente, começa a ficar bem difícil dia após dia, porque o piloto quer voar, mas não consegue ver o seu cansaço físico, emocional e mental onde realmente é necessário esse relaxamento para as tomadas de decisões durante o voo. O estresse das decolagens, pousos, locais sem pouso...tudo isso afeta o psicológico sem vermos. As vezes não dá tempo de recarregar para o dia seguinte, mas com um tempo limitado...acabam acontecendo os riscos.

Nesses casos chega um dia o piloto fala: "hoje faço meus kms de qualquer jeito" e é justamente nessa hora que ele decide: ¨ou vai ou racha¨, que acontecem os deslizes. Justamente pelo cansaço.

No primeiro dia que voamos em Quixadá levamos uma hora e trinta para meros 20km kkkk, virou curtição, dia fraco, vento fraco, tudo sombreado, apenas divertimos e deslumbramos do visual.

Segundo dia estava tão lindo o céu, aquele céu de brigadeiro, mas infelizmente muito devagar o voo, levamos quase três horas para 68km, mas colocamos um goal e lá chegamos, tudo decidido no meio do caminho, pois é lógico que se estivesse rendendo bem, eu adoraria voar mais, mas tem hora que temos que saber ler a condição e falar: Não é hoje e aceitar isso sem insistir, porque insistir cansa.

Enfim, essa é minha opinião sobre o sertão, sempre quis falar sobre isso. As pessoas hoje buscam decolar dos mesmos lugares dos recordistas e nem sabem porque os recordistas decolam de diferentes lugares. Busquem saber mais, entendam as escolhas dos recordistas, porque as vezes o lugar dos recordistas pode não ser o melhor para você.

Para você que chegou até aqui e tem interesse em voar no sertão:

Tenha tempo para escolher os melhores e mais seguros dias pra voar;

Descanse bem, coma bem, estude as rotas, estude estude estude;

Veja se a previsão está batendo com o que está acontecendo no dia;

Tenha pilotos experientes com você, tenha seu resgate com boa comunicação sintonizado com seu voo, faça um bom briefing, pois caso tenha alguma surpresa no caminho vocês devem estar próximos;

Aprenda com o erro dos outros, porque muita gente já errou para ensinar o caminho melhor;

Não seja persistente quando as coisas não estão a seu favor, tipo decolar de qualquer jeito, tentar fazer de qualquer jeito. Ninguém consegue nada de qualquer jeito, necessita experiência.

Com amor,

Marcinha ` )( ,

2022 conhecendo a rampa novinha em folha

 




terça-feira, 27 de junho de 2023

Alpes

Nossa que saudade de escrever, de expressar, de mostrar o que estou vendo e vivendo, porque é tudo tão lindo, a vontade de compartilhar com quem eu gosto, porque com certeza eu adoraria várias pessoas especiais aqui comigo. 

Cada dia me surpreendendo mais e mais.

Aqui não tem como não ficar de boca aberta. As montanhas gigantes, os voos totalmente diferentes do que estava acostumada, e a beleza....aaaaa que beleza, a Europa é linda demais.

No dia 24 de junho, tivemos a oportunidade depois de um longo período viajando e trabalhando com a divulgação da LittleCloud, finalmente aproveitamos um final de semana incrível, com um voo que me faz sorrir até hoje.

A visibilidade estava muito boa e não tinha nuvens, para quem me segue no Instagram sabe que eu amo o desafio de voar no céu azul, por vários momentos era possível avistar o Majestoso Mont Blanc.

Que lugar incrível. Exige muito conhecimento voar por aqui. E dia após dia eu aprendo mais com Tom Bourdeau que conhece cada vento, cada curva, cada detalhe. Gratidão por tudo que venho aprendendo com você e pela confiança. Gratidão por me mostrar lugares incrivelmente surpreendentes, com muito cuidado, sempre muito protetor e eu entendo, mas as vezes é dificil kkkk, pois os vales não são para brincadeiras e sim de muito respeito.

O vídeo abaixo é uma decolagem que no ano passado tive a oportunidade de conhecer, mas não a coragem de voar, acabei fazendo o hike e hike, Tom voou e eu decidi caminhar de volta, o dia não estava muito dos melhores, aqui estava muito seco, a condição muito forte, e para isso realmente não basta só a vontade de voar, precisamos da responsabilidade também. Tom como já conhecia com certeza eu falei pra ele decolar, não era nenhum problema eu voltar caminhando sozinha, apesar da minha frustração, porque eu queria muito voar.



Claro aqui não vê como realmente é mas, chamamos esta decolagem de Xalpes takeoff, um lugar lindo demais, mas tipo num buraco surreal, este ano mais familiarizada com a altura dessas montanhas e decolagens, consegui desfrutar deste lugar lindo, mas a minha cara não nega kkkkkkkk cara de: Vou decolar daqui 😱😂😂😂.

 Ano passado eu estava muito impressionada. Tudo muito diferente, várias camadas de vento, muito cuidado, eu e meu medo de altura...rsrsr decolar de 2000m e pousar em 1800m de altitude foi muito novo pra mim estando a mais de 2000 do chão.

Este ano mais experiente, aprendendo sem pressa, a hora sempre chega e muito melhor com certeza, tudo tem sua hora, nós temos que ter paciência.

Na foto abaixo apenas um momento deste voo incrível. Aaaa se desse eu gravaria o voo inteiro pra vocês entenderem o que estou falando e o que vi.



 Umas das coisas mais preciosas de toda escolha que fiz na vida, foi realmente voar este equipamento que me deixa muito confortável, escrever ou falar qualquer coisa é impossível de entender o que tento expressar, mas voar o que nos dá conforto, nos dá a oportunidade de desfrutar o voo, apreciar, deslumbrar cada momento e sem contar que a performance me dá a oportunidade de ir e vir aonde eu quero, é surreal. Graças a Deus a minha experiência é fantástica para fazer as melhores escolhas. Happy flying é minha escolha sem sombra de dúvidas.

Alpes...estamos só no começo de grandes conquistas e grandes voos.

Voando pela Europa, #euvoovamos!

Com amor, Marcinha , )( `



sábado, 4 de fevereiro de 2023

Você já perdeu algum amigo no voo livre?

 


Eu já perdi alguns amigos e confesso, é muito triste e gostaria de nunca mais perder ninguém por causa de erros bobos no voo livre, talvez por causa disso eu tente explicar, ensinar e passar minha experiência de alguma forma pra todos que se aproximam.

Desde que me conheço por Piloto de parapente, sei dos desafios de julho, agosto voar em Jaraguá GO, setembro voar em Minas Gerais outubro voar no nordeste...nós como pilotos inexperientes ou experientes, devemos sempre buscar saber o mínimo da força da natureza nas épocas do ano. Brasil como sabemos, tem voo o ano inteiro, mas tem regiões mais fortes e regiões mais brandas.

Escrevi esse texto no auge de setembro do ano passado 2022 e acabei não postando, porque não se falava em outra coisa, acaba virando uma coisa banal, mas resolvi postar agora. Quem acompanhou o voo neste ano de 2022, viu que foi um ano extremamente forte. Um ano que vimos vários tipos de colapsos, vários tipos de acidentes. Acidentes que poderiam ser evitados.

Então hoje resolvi postar já que estamos iniciando mais um ano e todos gostam de fazer novas promessas, novas metas, novas aventuras...leiam, reflitam e sigamos tentando diminuir as estatísticas no nosso esporte que é tão maravilhoso e fascinante.

Foram tantos treinos na Serra da Moeda, um dos lugares mais respeitados principalmente no mês de setembro, respeitado por pilotos inteligentes, claro.  O tempo seco, o minério, terra forte, térmicas violentas, bicudas e pequenas. Mas cada lugar tem sua época forte, assim como Palmas TO, são muitos dusts, as vezes voamos e olhamos tão distante, 3, 5 dusts, mais de 1000m de altura, monstros...mas, diferente de Minas, voamos em térmicas fortes que são salões enormes, característica local.

Nós sabemos onde pisamos e onde voamos, quando buscamos informações dos lugares. Só não sabemos quando será o fim disso tudo, sinceramente o que mais desejo é que meu fim não seja voando, isso sempre desejei e sempre tive a certeza em fazer minhas boas escolhas e decisões, porque se alguém algum dia falar: ¨Ela morreu feliz, porque morreu fazendo o que gosta¨...kkk pode ter certeza que vou vir debaixo da terra pra falar que você estava extremamente enganado, porque morrer voando é cometer um erro, e erros não nos perdoamos tão facilmente.

Quando acidentes acontecem as pessoas julgam, tentam de todas as formas explicar o que houve com muitas teorias falapentistas e blá blá blá, mas no final das contas o Piloto sempre vai além do limite, porque parapente não decola por vontade própria.

Em um dos grupos do qual participo, falaram sobre fechar rampas em dias extremamente fortes, tudo bem podem até fechar, mas a consciência talvez não vai chegar assim, muitos ficarão revoltados, aqueles principalmente que menos entendem sobre alguma coisa. Trabalhar com pessoas é tão complicado, ¨sempre¨ vai ter gente revoltada, sempre vai ter gente querendo mostrar que pouco importa, vão acabar decolando de outro lugar, correr mais risco e deixar o esporte mais irresponsável do que já tem sido nas épocas mais fortes.

O mais importante é não deixarmos para voar apenas naquela condição clássica, temos que estar sempre ativos.

Sabem esses pilotos que voam 200-300 km? Eles até voam muito, mas você já parou pra ver a decolagem? No geral não são boas não viu, me desculpem a sinceridade, jogam a culpa nos gliders alongados, mas sinceridade, isso é apenas habilidade, e tem muita decolagem ruim por ai com essas velinhas de ponta. Pilotos que voam 10-11h não treinam decolagens mais, para que, né verdade? Gastar o equipamento? Não, o negocio é fazer números.

Uma vez fiz uma exposição fotográfica sobre voo livre no Tocantins, e uma das fotos expostas, na minha opinião a mais marcante era Eu uma piloto experiente tirando fotografias, porque a condição estava o caos e o Piloto fotografado também muito experiente só observando a cena deitado em sua rede , em um momento de muito vento, enquanto vários alunos iniciantes estavam prontos para decolar e deixavam seus gliders se debatendo na rampa.

Se conselho fosse bom era vendido, não é esse o velho ditado?

Pois é, escrevemos, ensinamos, mas o que mais vemos por ai são caras de paisagem e nada de tentar evoluir com responsabilidade. Como escrevi no instagram, as pessoas se auto colocaram em um pedestal, aquele do que acham que sabem tudo.

Falamos muito sobre tecnologia e segurança, mas no fundo no fundo, todo mundo quer mesmo é voar com aquele equipamento de competição "homologado" mas não tem nem capacidade para decolar. Aquele que você fala que é como cortar manteiga com a faca, que avança, que  penetra bem, que voa rápido, aquele que todo mundo falava que era perigoso, mas quando você voou Não viu tanto perigo assim, porque ele era tão suave, tão maravilhoso, quase uma mãe comparado ao seu B hot que chacoalha mais que liquidificador. Pois é mas na hora de agir como mãe, ela te responde só com um tapa na cara e já era, pois você não pode mais fazer nada, porque você não pode bater na sua mãe.

O que você me diz, tá errado alguma coisa que eu escrevi ai em cima?

 


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Patrocínios

Escrevi para vocês no insta sobre patrocínios e as dificuldades, a vontade de viver só voando o quanto é grande no início, chega a nos consumir por dentro.
 
Quando começamos a voar é a primeira coisa que pensamos: Preciso viver disso, arrumar um patrocínio e viver viajando e voando.

Todo atleta sabe o quanto é difícil fazer uma parceria, ainda mais tratando-se de um esporte de risco como o nosso amado parapente. (Apesar de que o risco quem faz é o próprio atleta), já ouvi de tudo que você possa imaginar, juro, desde que posso morrer e levar o nome da empresa pro buraco, como um dia posso quebrar o contrato devido engravidar (mulher), sim, não sei o que acontece com as pessoas contratos tem normas e multas, talvez muita gente não cumpra mais com suas palavras e por isso não há confiança em mais ninguém, porque sim, as pessoas sempre querem mais e mais, ultimamente não olham para os dois lados, apenas para o próprio umbigo.
 
Participei de algumas equipes, mas a ambição de alguns sempre falou muito alto e isso acabou com minha confiança também. Me retirei de todas que participei, não foram muitas, na realidade 3, que foi o suficiente para aprender muita coisa. A decisão de sair foi difícil mas ao mesmo tempo, melhor mesmo é não ter compromisso com quem não te valoriza, é uma história longa, um dia vou contar pra vocês, pois ainda quero muito escrever um livro. É muito triste confiar, se entregar e tomar aquela rasteira fenomenal por estar fazendo um excelente trabalho. Enfim, como na minha época não haviam muitas mulheres na acrobacia, eu sempre pensei que seria a melhor das oportunidades, mas isso não fez muita diferença, não era uma vantagem ser mulher, e sim uma desvantagem.

Quando alguém fala sobre patrocínio comigo hoje, jamais desincentivarei, jamais, eu acho que tem que correr atrás, dar a cara a tapa, O Não já é garantido, pois por experiência própria já fiz mais de mil ofícios, reuniões atrás de reuniões e nada de muitos resultadosm sim tive muita cara de paisagem olhando pra mim, todas as empresas imagináveis eu fui atrás com um lindo portfólio de apresentação, com fotos lindas com  o nome da empresa...rios de dinheiro em boas impressões, mas eu sempre falo que sim as pessoas devem tentar, pode ser diferente pra elas talvez um conhecido forte dentro de uma grande empresa, tudo isso conta, talvez uma nova ideia. Mas o que eu realmente queria mostrar pra vocês é que não precisamos necessariamente ser patrocinados por uma empresa de parapente pode ser qualquer coisa.
Eu tento parcerias até hoje.

Me sinto uma pessoa extremamente realizadam por tudo que consegui aprender, sempre falo que escrevo muito, dou dicas de bandeijam nem todos gostam de ler, mas tem muita riqueza em cada texto, cada relato.
Fiz algumas parcerias no decorrer dos últimos anos, todas passageiras, mas Eu, Marré Infinito e LittleCloud Paragliders somos inabaláveis. São duas empresas lindas que hoje fazem parte 100% da minha vida.

Tenho muito orgulho em poder representar e levar estes nomes para as alturas, as vezes as pessoas não conseguem entender a dimensão dessa energia e a importância, por exemplo em voar com uma joia, quem se quer um dia imaginou uma mulher usando um Swarovski para voar, mas se você for um pouco mais profundo, você vai ver a história daquela joia, o que ela representam a energia, a fé, a força da pedra, é isso, quando falo em LittleCloud, a história da empresa, os parapentes feitos para diversão me dando resultados excelentes, onde precisamos nos preocupar apenas com a beleza ao redor.

Mas vou contar um segredo que só quem realmente esteve perto de mim vai saber, meus maiores patrocinadores, foram meus amigos. Muitos acreditaram em mim, foram rifas compradas para alguma viagem, foram milhas que me deram para treinos em Iquique por duas vezes, camisas que vendi por muito tempo, quem ai é do tempo que eu chegava com uma mala da BT nas competições? Cheinha de camisas lindas e todo mundo comprava...casas que abriram para eu dormir na montanha para eu não ter que ir e vir de BH gastando gasolina, caronas pra rampa, gopro quando perdi uma no mar no salto de helicóptero, ajudas financeiras como minha primeira vez que saltei do helicóptero. 

Gente, eu lembro e levo no meu coração cada um que me ajudou, não vou citar nomes, porque este não é o propósito, mas saiba que jamais esquecerei o que cada amigo fez por mim, são muito boas as vibrações que envio para todos que fizeram parte deste processo, até aqueles que me atrapalharam de alguma forma, pois assim aprendi mais e fiquei mais forte.

Em 2012 cheguei a um ponto que nem patrocínio eu queria mais, porque eu queria mesmo era ser livre, ir para onde eu quisesse, voar o tempo que eu quisesse, se não estivesse afim nem voar, porque com patrocínio não temos a opção "escolha", é ir ou ir, é produzir, é trabalhar a empresa quer resultado.

Então quando disse sobre a dificuldade de um patrocínio é porque focamos as vezes no lugar errado, pensem sobre isso!
 
Estou aqui pra você não ter que passar pelo mesmo que passei, pois muitas pessoas não se dão muito bem com muitas frustrações, logo desistem e eu sou uma grande inspiração de coragem e de fé, aquela que sacode a poeira e vai, pois nunca deixei de acreditar que eu chegaria onde queria chegar e cheguei. Agora amigos venham comigo, coragem.

Com amor, Marcinha!



domingo, 14 de agosto de 2022

Planador pelos Alpes

 Vamos falar de sonhos? Sonhar é tão maravilhoso, principalmente quando acreditamos que eles vão acontecer e acontecem melhor do que poderíamos imaginar.

Hoje falaremos dos Planadores também chamados de velas e aqui na Europa de gliders.

Quem já entende um pouco sobre voo, com certeza tem uma certa curiosidade ou vontade de experimentar essas velas. Como nosso parapente, ele pode ter motor ou não, e vou contar pra vocês sobre meu primeiro voo de planador sem motor.

A decolagem pode ser por um avião rebocador ou cabo, acionado por um responsável. Sempre há uma comunicação do rebocador com o piloto da vela.

Gente, sabe aquela ansiedade do primeiro voo!?...é tão gostoso, outro dia conversei sobre isso no insta com vocês, acordar a noite e pensar um milhão de coisas, o frio na barriga, as mãos suando, aquele pensamento quando estava já na sede, do tipo: Que que eu fui inventar dessa vez kkkkkk é assim pra todo mundo, uma sensação de loucura gostosa.

Quando chegamos tinha um grupo na frente, os voos são agendados, o meu estava para as 14h voo longo, você pode escolher quanto tempo será seu voo, então um amigo que havia agendado disse, venha no das 14h que é a segunda leva e o seu será longo, os curtos eles fazem mais cedo, mas acho que o grupo provavelmente estava um pouco atrasado, acabamos tendo que esperar por 1h, no início fui querendo desistir, a auto sabotagem, mas depois já assistindo aos pousos, fui ficando mais tranquila. Mas é muito diferente você ver o vento entre 40-50 por hora no chão para nós Pilotos de parapente, é uma loucura na nossa cabeça, mesmo sabendo que é o melhor para planadores.

 No dia 13 de agosto, tive a satisfação de voar com Philipe, um senhor extremamente simpático que me relatou quando perguntei durante o voo se ele gostava de voar de duplo, Ele disse: "Com o dobro da sua experiência essa é minha vida, é o que mais amo fazer, você é como eu, sabe do que estou falando". 

Ele havia acabado de pousar, um pouso suave, pois eu estava ligada em tudo, decolagens e pousos, com a experiência de parapente pensando no tal do reboque, me estresso muito, porque já vivi e vi muitas coisas no parapente, claro que não acontece por aqui de um cabo arrebentar, porque a manutenção é completamente diferente, mas, vai saber né!?...rs Tudo extremamente organizado. 

A senhora que nos recebeu logo me chamou para irmos até o instrutor. Tom todo instante comigo me apoiando nesse sonho e dizendo que sim eu deveria ter essa experiência.

Philipe, Piloto há 40 anos, um instrutor aqui de Saint Crepin, da associação de planadores.

A primeira pergunta dele foi: já voou em um planador? Eu disse não, mas esse planador faz looping? kkkk Ele muito tranquilo disse: Sim e sorriu, esse é um excelente planador, já aquele, apontando para um outro, disse, não podemos porque não é tão forte. O Tom tinha acabado de me mostrar a diferença, quando meu planador chegou ele falou que eu voaria em um ótimo e o que estava do lado era fabricado de madeira, então já não foi uma surpresa pra mim, mas quando ele disse sim e sorriu eu gelei, falei: Estou só brincando, não precisamos fazer um looping kkkkk rindo de nervoso nessa hora.

Então logo começaram as explicações, coloquei um paraquedas reserva e entrei. Muito confortável o voo e a posição, sentei na parte da frente como nossos duplos.

Antes de decolarmos ele me mostrou o painel. Como eu nunca tinha visto um painel de planador, ele começou a explicar onde era o vário que não tem som como o nosso, mostrou o velocímetro e o altímetro, para eu poder entender durante o voo o que estava acontecendo, explicou onde era o freio, onde era a alavanca para liberar o cabo (o que já me deixou preocupada se seria eu a responsável pela liberação hahahahahah) perguntei logo, ele disse não, não toque em nada, é apenas para seu conhecimento, então me pediu para acionar a alavanca do reboque apenas para conectar o cabo.

Ele ficou muito empolgado durante o voo quando comecei a contar minha história de acrobata, sempre muito preocupado como eu estava me sentindo foi ficando mais confortável com meu conforto e minhas risadas durante o voo, também mostrei pra ele os lugares que já havia voado, pois passamos por vários.E falei que meu temor estava em ir muito perto das montanhas.

Tudo simplesmente deslumbrante. O dia estava perfeito, poderíamos ir ao Mont Blanc, mas gastaríamos em torno de duas horas e ele ainda tinha um voo de final da tarde, então ele perguntou o que eu gostaria de fazer, se eu queria voar a frente, mas esse a frente é mais plano, provavelmente iríamos visualizar o mar, ou se eu preferia ir as montanhas mais altas. Na hora já escolhi, montanhas mais altas, ele disse: Ok, será um pouco mais turbulento, mas é um ótimo dia (até então ele não sabia nada da minha experiência sobre turbulência kkkk). Então escolhi voar nas montanhas mais altas, até para me sentir mais confortável nos meus próximos voos. E ele disse caso eu me sentisse enjoada era só falar que ele tinha um saquinho para me dar. Eu particularmente achei muito tranquilo, claro que as vezes dava umas descidas daquelas que dão um frio na barriga, mas muito rápido, pois turbulência de parapente amigos, é turbulência de verdade, aqui, suave na nave.

Não tenho nem palavras para explicar esse voo, como disse Philipe; São outras palavras....

Com mais de uma hora de voo passando tão perto das montanhas enormes e pontudas, passando pelo glacial, ele mais confortável, perguntou mais uma vez, tudo bem com você? Eu disse tudo ótimo, e ainda completei: preocupante eu querer trocar minha vida atual por esta kkkk expliquei que com uma hora de voo de parapente eu sempre estava batendo queixo e congelando, sem contar que era tão maravilhoso eu voar e não ter que pensar no plano de voo, eu tinha apenas que curtir o visual.

Então neste momento, começou a emoção,quando estávamos na montanha mais alta a região, ele simplesmente voou como 150km\h de frente pra montanha, eu com noção zero de curva de velocidade de tamanho do planador já comecei a pensar, meu Deus esse homem desmaiou e vamos chocar nessa montanha kkkkkkk, porque estávamos tão perto, surreal, simplesmente não tinha noção pra onde ele iria virar e tchan tchan tchan...viramos tipo na minha cabeça raspando a barriga do planador na montanha...kkkkkkk, ele perguntou? Tá tudo bem? Eu comecei a rir de tão delicioso, eu estava completamente entregue a este piloto, uma sensação louca de quando fazia acro, então as emoções não pararam mais, fomos mais perto ainda, plainamos em picos gigantes, ele me ensinando, já instruindo e falando, você tem que fazer aula, vai aprender rápido.

Então de repente ele estola o planador, meu Deus, o que foi aquilo, eu comecei a gritar e rir sem parar, voltamos ao voo eu rachando de rir, ele disse está tudo bem? Eu disse está tudo ótimo kkkkk Ele falou quer fazer de novo? Eu falei: Lógico!!!!

E lá vamos nós, sem saber ele meteu um looping HaHaHaHaHa e outro...nossasenhora, ai que eu derreti em risada, que sensação incrível.

Isso já estávamos próximos das 2h de voo, ele disse, me desculpe, mas agora temos que descer porque tenho outro voo, eu disse: imagina pedir desculpa, é seu compromisso e eu estou muito muito feliz, muito obrigada por fazer acro kkkkk

E lá fomos nós, começamos a descer e chegamos a 200km\h, meu Deus, foi a unica hora que meu ouvido tampou.

E quando chegamos em um lugar um pouco mais aberto, já avistávamos o pouso, bem alto ainda, ele perguntou se eu queria pilotar um pouco. Na realidade eu não queria não kkkk estava morrendo de medo de fazer alguma coisa errada, mas ai ele me colocou pra pilotar, fiz uma curva pra direita, uma pra esquerda, mas pra colocar em linha reta eu já estava apavorada, queria logo que ele pegasse o comando...rs

Enfim, pousamos super bem e eu estava pra lá de radiante, até agora não paro de sorrir, de lembrar o quanto foi magnífico, é uma experiência para quem ama voar. 

Só vou fazer uma observação, meu amigo disse que não é normal ele fazer essas manobras.

Claro as porque as pessoas não estão acostumadas com o G, com o balanço, com as curvas, com os giros, mas "Eu" estava me sentindo em casa e ele percebeu isso muito bem!

Muita gratidão por conhecer e voar com o Sr Philipe.


Uma foto que nem precisam palavras.

Com amor,

Marcinha , )( `

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Olá meus amigos, que maravilha estar com vocês novamente. Direto do Ceará, vou contar tudo pra vocês. Que viagem incrível. Começou em ...